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O estado da Saúde na Região Autónoma da Madeira

É verdade que se tem assistido a um conjunto de soluções pontuais, tipo “penso rápido”, avançadas pela tutela, sobretudo quando as várias lacunas são sinalizadas e denunciadas na comunicação social, mas que em termos estruturais não têm sido suficientes para a crescente procura de cuidados de saúde, o que requer per si, um debate profundo em torno desta problemática regional, de modo a esclarecer se as causas são só financeiras, ou também organizacionais ou de planeamento e gestão.
3 Maio 2018, 07h15

O capital de queixas do sistema regional de saúde é vasto e o descontentamento é generalizado, e provém tanto dos utentes como dos profissionais de saúde. Reiteradamente são denunciadas falhas do SESARAM (Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira).

A mais reincidente tem sido a ruptura de stock e falta de medicamentos, muitos dos quais inadiáveis para a garantia do bem-estar e da qualidade de vida desses utentes. Há mesmo doentes com doenças oncológicas e neurodegenerativas que interrompem e aguardam semanas pela medicação, por não terem recursos financeiros para os adquirir noutras farmácias, onde o valor dos medicamentos é elevado, com todas as consequências e riscos previsíveis que daí advêm para a saúde destas pessoas. Por outro lado, há medicamentos que são de uso exclusivo da farmácia hospitalar e nem sequer podem ser encontrados noutras farmácias.

Mas as lacunas do sistema regional de saúde não se limitam ao já enunciado, e estende-se a uma enorme lista de espera, quer para consultas ou exames, quer para cirurgias, que penalizam muitos utentes, incluindo crianças, num tempo de espera, que em milhares de casos chega a ser de anos. Isto agravado pelo facto de não haver médicos de família para todos os utentes da Região, incluindo crianças.

A par dos problemas até agora mencionados, o SESARAM depara-se com falta de profissionais técnicos de saúde, sobretudo em algumas especialidades, e assistentes operacionais, sobrecarregando os actuais profissionais. Esta carga excessiva de trabalho com acumulação de horas e longas jornadas de trabalho, no limite, pode colocar em risco, não só a actividade clínica, e respectivos profissionais, como também os próprios doentes.

É verdade que se tem assistido a um conjunto de soluções pontuais, tipo “penso rápido”, avançadas pela tutela, sobretudo quando as várias lacunas são sinalizadas e denunciadas na comunicação social, mas que em termos estruturais não têm sido suficientes para a crescente procura de cuidados de saúde, o que requer per si, um debate profundo em torno desta problemática regional, de modo a esclarecer se as causas são só financeiras, ou também organizacionais ou de planeamento e gestão, que deverão priorizar escolhas, de acordo com o que está inclusivamente definido no Plano Estratégico do Sistema Regional delineado para a Saúde regional.

O Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira apresenta lacunas e insuficiências bem sinalizadas, e estas têm de ser resolvidas o mais rapidamente possível, a bem da população da Região. A instabilidade política verificada nos últimos três anos neste sector, confirmada também pela curta passagem de diferentes responsáveis pela pasta da saúde que não têm respondido às necessidades da população nem aos protestos dos profissionais do sector, não abona para a confiança dos utentes no atual serviço regional de saúde.

Na Região, há que conhecer a Riqueza da saúde, e “não cuidar que (esta) por algum preço possa ser cara”.

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