O que pode um político fazer para estimular o crescimento económico? As respostas provavelmente variam consoante o político concreto ao qual a pergunta é colocada. Mas um princípio fundamental não costuma ser disputado: os governos têm uma influência decisiva na performance económica dos países. Adotam políticas que podem transformar recessões em booms e fazem escolhas cujos efeitos se fazem sentir de forma quase imediata.
A investigação empírica acerca dos efeitos reais das políticas económicas tem revelado um impacto muito mais modesto das decisões políticas nos principais indicadores de performance. Quando olhamos para os grandes números da economia – como o PIB, por exemplo – a influência parece ser quase irrelevante. Segundo um conhecido estudo (referido aqui, por exemplo) o crescimento económico dos países desenvolvidos é quase inteiramente explicado por fatores comuns. Aquilo que cada governo faz no seu quintal tem um efeito tão minúsculo que nem deixa marcas rastreáveis nos números do PIB.
Mas apesar disto – chamemos-lhe, à falta de melhor, ‘a hipótese da irrelevância’ – a crença de que há imensos frutos suculentos prontos a colher por governos capazes de escolher a política certa é transversal a quase todas as sociedades. E nalguns casos ganha mesmo contornos patológicos, afetando não apenas as expetativas para o futuro mas também as avaliações correntes, como se a mera mudança de Executivo bastasse, em si mesma, para levar a uma reavaliação da situação económica atual.
Este fenómeno, notável a imensos níveis, está documentado no blogue de John Cochrane, ‘The Grumpy Economist’. O gráfico de baixo, retirado desta fonte, mostra a avaliação que democratas e republicanos fazem do estado atual da economia – mais concretamente, diz-nos qual a percentagem que acredita que a economia americana está a melhor.
O facto de haver diferenças entre republicanos e democratas não devia ser surpreendente. Mais impressionante é a facilidade com que uns e outros mudam radicalmente de opinião assim que o inquilino da Casa Branca troca de cores. Os republicanos parecem especialmente sensíveis a este enviesamento cognitivo: entre o momento em que Donald Trump era candidato e o instante em que foi confirmado como Presidente eleito, a percentagem que afirma constatar melhorias na situação económica do país passou de 20 para… 80%. Talvez não seja só o próprio Presidente americano a precisar de ajuda profissional.
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