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O novo unicórnio português combate os russos na Ucrânia

Companhia fechou acordo com a Royal Air Force britânica para fornecer drones para apoiarem as missões dos Eurofighter Typhoon e F-35 Lightning em teatros de guerra.
7 Maio 2025, 07h00

A Tekever tornou-se no sétimo unicórnio português, o nome dado às companhias que passam a valer mais de um milhão de euros. Juntou-se assim a uma lista bastante restrita: Talkdesk, Feedzai, Outsytems, Remote, Anchorage e Sword Health.

A avaliação acima de mil milhões de libras (1,180 mil milhões de euros) chegou na ronda de financiamento mais recente, cujo valor não foi revelado.

A companhia assinou recentemente um contrato com a Royal Air Force (RAF) britânica para fornecer os seus drones a uma das forças aéreas mais respeitadas em todo o mundo.

O drone AR3 vai ser a estrela principal do programa StormShroud: uma aeronave não-tripulada que vai ter a missão de neutralizar radares inimigos permitindo que os aviões de combate da RAF –  Eurofighter Typhoon e F-35 Lightning – operem em teatros de guerra sem serem detetados pelos olhos do inimigo. O drone português vai estar equipado com o sistema da italiana Leonardo.

A escolha do Tekever AR3 para este programa “reflete a sua performance comprovada em zonas de conflito”. É que, desde 2022, este drone, que opera recorrendo a Inteligência Artificial (IA), conta com mais de 10 mil horas de voo de combate na Ucrânia, tendo “contribuído para a destruição” de ativos militares russos no valor de 3 mil milhões de libras (3,5 mil milhões de euros), incluindo dois dos mais avançados sistemas russo de defesa aérea, o S-400.

“A Europa enfrenta um grande desafio de segurança. Dado o ambiente geopolítico, a arquitetura de segurança europeia está a ser redesenhada e a Europa precisa de empresas baseadas em IA e autonomia inovadoras e que trabalhem em escala… agora! Estamos a preparar-nos há muito tempo e acreditamos que podemos desempenhar um papel significativo neste momento de mudanças profundas”, segundo o CEO Ricardo Mendes. A companhia conta atualmente com cerca de mil trabalhadores.

A ronda de financiamento coincide com o lançamento do programa de investimento pela empresa para o Reino Unido, com o nome Overmatch, com o valor de 400 milhões de libras, “com o objetivo de transformar a indústria de defesa do Reino Unido e garantir que o país e os seus aliados permanecem na linha da frente da tecnologia autónoma e de Inteligência Artificial”.

O investimento vai criar mais de mil postos de trabalho no Reino Unido nos próximos cinco anos, visando a produção de aeronaves não-tripuladas da Tekever, incluindo os modelos AR3 e AR5.

A nova ronda foi subscrita totalmente por atuais investidores na companhia, como a Ventura Capital, Baillie Gifford, NATO Innovation Fund (NIF), Iberis Capital e Crescent Cove.

Em novembro, a companhia tinha anunciado a angariação de 70 milhões de euros em financiamento, numa ronda liderada também pela gestora de investimentos escocesa Baillie Giford e também contou com o apoio do fundo de inovação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla original).

“Os novos investidores estratégicos vão apoiar o plano de crescimento sustentável e facilitar a expansão geográfica em mercados prioritários. O investimento vai financiar a inovação de produto e o aumento da escala da capacidade de produção”, segundo o comunicado divulgado a 20 de novembro.

A Baillie Gifford é conhecida por ter investido numa fase inicial no Airbnb, Spotify ou SpaceX. Já o fundo de inovação da NATO, apoiado pelos 24 aliados, já investiu mais de mil milhões de euros em tecnologia de defesa, segurança e resiliência.

Outro dos participantes na ronda de investimento é a fundo público britânico National Security Strategic Investment Fund (NSSIF), a Crescent Cove Advisors LP, companhia de investimento sediada em Silicon Valley, dedicada ao sector da defesa, e os atuais investidores na companhia Iberis Semper e Cedrus Capital.

A Tekever usa inteligência artificial (IA) para “monitorizar áreas ultra-alargadas e partilhar dados em tempo real que permitem aos clientes tomar decisões de uma forma atempada e eficiente para evitar ameaças à vida humana, ao ambiente e economia”, destacando que a sua “tecnologia é de uso dual, usado por organizações civis e militares, assim como empresas privadas” desde a “deteção de ameaças ambientais de derrames de petróleo, fogos selvagens, inundações repentinas ou na recolha de inteligência e operações de busca e resgate para efeitos de defesa e segurança”.

A companhia portuguesa acredita que os novos investidores vão trazer “conhecimento estratégico para alavancar a próxima fase do crescimento da Tekever. Providenciam experiência suficiente no sector e caminhos para ter acesso a mercados prioritários. A sua experiência vai ser crítica para ajudar a Tekever a preparar as próximas fases da sua estratégia de crescimento multinacional”.

O dinheiro fresco vai servir para “acelerar investimento em investigação e desenvolvimento para apoiar a inovação de produtos, para melhorar os atuais drones e desenvolver novas linhas de produtos, de forma a assegurar que a tecnologia fica à frente da curva”. A Tekever vai expandir a sua produção global para “ir de encontro à procura crescente pelos seus produtos e serviços”.

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