A dignidade humana não é um conceito meramente abstrato; está profundamente enraizada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma que todos as pessoas têm direito à dignidade e aos direitos que dela decorrem. Mais do que um princípio ético; é um valor essencial que deve orientar todas as ações de apoio social e humanitário.

Não se limita à simples mitigação de necessidades imediatas, mas vai além, propondo a restituição da confiança, da autonomia e dos meios necessários para que as pessoas possam participar ativamente na reconstrução das suas vidas de forma sustentável e digna.

A transição da assistência paliativa para a promoção da autossuficiência é, portanto, essencial. Cada pessoa deve ser percecionada como um agente ativo no seu próprio processo de mudança, respeitando-se as suas escolhas e decisões. Garantir que sejam tratadas com respeito e que possam exercer a sua capacidade de escolha não é apenas um gesto de humanidade, mas uma estratégia fundamental para o sucesso das intervenções humanitárias.

Este princípio orienta a instituição que atualmente presido, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), ao promover não apenas a assistência, mas sobretudo a capacitação e a autonomia das pessoas que apoiamos. Reconhecemos que cada pessoa possui recursos e competências que podem ser mobilizados para superar adversidades. E é nesse contexto que procuramos impactar positivamente as suas vidas e ajudá-las a prosperar.

É fundamental, ainda, compreender e respeitar as necessidades e recursos próprios das comunidades. A construção de redes de apoio comunitário e o fortalecimento dos laços sociais são fundamentais para enfrentar desafios coletivos, promovendo não apenas o bem-estar imediato, mas uma transformação sustentável e duradoura.

No ano de 2024, enfrentámos desafios que exigem respostas cada vez mais estruturadas. O aumento de 53% nos pedidos de apoio à CVP em relação a 2023 e o alarmante incremento de 62% nos pedidos de bens de primeira necessidade ilustram uma realidade de vulnerabilidade que se agrava, exigindo intervenções que não se limitem ao alívio imediato, mas que contribuam para a autossuficiência e a resiliência das comunidades.

Um dos desafios que enfrentamos enquanto instituição humanitária é mudar a perceção de que doar bens materiais é sempre a melhor forma de ajudar. É verdade que alimentos, roupas e outros produtos essenciais são importantes, quando conjugadas com necessidades identificadas no terreno. No entanto, o apoio financeiro permite-nos ir além do alívio imediato.

Com recursos monetários, conseguimos investir em programas que capacitam as pessoas: formação profissional, educação e desenvolvimento de competências. Estas são as ferramentas que verdadeiramente quebram os ciclos de pobreza e exclusão, permitindo que as pessoas conquistem uma independência duradoura.

Somente ao respeitar a dignidade será possível construir um futuro em que a resiliência e a autonomia se tornem a norma, e não a exceção.

Por isso, deixo um convite. Apoiem o trabalho da Cruz Vermelha Portuguesa e juntem-se a esta missão de transformar vidas. Cada contributo faz a diferença, seja para responder a uma necessidade imediata ou para construir um futuro mais promissor.

Descubra mais em https://apoiar.cruzvermelha.pt/Natal2024. Juntos, por um futuro mais digno.