211 mil milhões de euros. Este foi, grosso modo, o valor do PIB português em 2021, cerca de 5 vezes o que Elon Musk pagou recentemente pelo controlo da rede social Twitter ou quase tanto como todo o programa espacial Apollo que levou os americanos à lua.
A guerra na Ucrânia e a pandemia voltaram a colocar pressão na economia portuguesa e voltam a surgir dúvidas à cerca do significado e importância do PIB. Afinal, o que é o PIB? Descubra neste artigo da autoria do ComparaJá.pt.
O PIB (ou Produto Interno Bruto) é um indicador que mede a dimensão de uma economia. De forma simples, é a soma de todos os bens e serviços produzidos dentro das fronteiras de um país, num determinado ano ou trimestre.
Nas contas do PIB entram diversos fatores como o consumo privado e público, o investimento e as exportações a que são subtraídas as importações. No PIB são contabilizadas contribuições de empresas nacionais e estrangeiras a operar em Portugal, bem como da economia formal, informal ou até mesmo ilegal, como a prostituição, o tráfego de drogas, e evasão fiscal. Estas atividades ilegais não são apuradas no âmbito das fontes estatísticas convencionais, mas são registadas no PIB que dá assim uma visão global da economia.
O PIB de um determinado país é muitas vezes apresentado como uma taxa comparativa ao mesmo período do ano anterior. É a esta taxa que muitas vezes nos referimos quando dizemos que “a economia cresceu”. Em Portugal, por exemplo, o PIB registou um crescimento de 4,9% em 2021, o mais elevado desde 1990, após a diminuição histórica de 8,4% em 2020, refletindo os efeitos adversos da pandemia COVID-19.
Quanto o valor do PIB é dividido pelo número de habitantes do país ou região é obtido o PIB per capita, o indicador mais utilizado para aferir a qualidade de vida num país. Neste campo, Portugal está particularmente mal posicionado na média da EU, com o sétimo pior PIB per capita dos Estados-membros, 26% abaixo da média comunitária.
Estes números não são apenas teóricos. São utilizados por governantes e líderes de grandes empresas para tomar decisões que afetam a vida de milhares de portugueses todos os dias.
A forma mais comum de calcular o PIB é a partir das despesas efetuadas pelos diversos agentes económicos em bens e serviços. Esta é a chamada “ótica da despesa”, e obtém-se pela seguinte fórmula:
PIB = C + I + G + (X – M)
Iremos então explicar o que é que cada um dos elementos significa.
O consumo privado é a soma dos bens e serviços adquiridos pelo cliente final, como artigos de retalho ou rendas de casas. Esta é a principal componente do PIB e sinaliza uma economia saudável.
À medida que a confiança dos consumidores aumenta, o consumo privado sobe. Se houver incerteza no futuro, os gastos descem.
Esta variável refere-se a qualquer investimento, ou despesas de capital, em novos ativos que proporcionem benefícios futuros.
Para investir na atividade empresarial, as empresas fazem investimentos na compra de equipamentos, geração de inventários e na construção de novos estabelecimentos.
Estas despesas representam os gastos pelo governo em bens e serviços, como educação, transportes, exército ou infraestruturas.
A Despesa do Estado é financiada por impostos ou em empréstimos. Se for o segundo caso, regista-se um défice público.
Esta componente refere-se às exportações de bens e serviços produzidos na economia nacional e vendidos no estrangeiro, menos as importações compradas pelos consumidores nacionais. Isto inclui todas as despesas de empresas geograficamente localizadas no país.
Se a exportação do país (X) for superior ao valor das suas importações (M), o valor líquido é positivo e o país tem um excedente comercial. Da mesma forma, se M é maior que X, o país tem um défice comercial.
Para este cálculo, não são considerados os bens e serviços intermédios, que serão utilizados para obter os produtos finais.
O PIB pode ainda ser calculado de outras formas. Uma é a ótica do rendimento, a soma dos rendimentos gerados por todas as entidades a operar no país. Existe um terceiro método, a abordagem do valor acrescentado, que é utilizado para calcular o PIB gerado pela indústria.
Este indicador tem um papel fundamental na avaliação e conceção da política económica, que por sua vez se traduz em impactos práticos no dia-a-dia que são sentidos no bolso de todos os portugueses.
A evolução do PIB condiciona os prémios de remuneração de vários produtos financeiros de dívida pública. Um bom exemplo são os Certificados do Tesouro. Aqui tem a possibilidade de investir entre 1.000 a 1.000.000 euros com uma taxa de juro que cresce todos os anos, dos 0.75% aos 2.25%.
A partir do segundo ano, existe um prémio de remuneração que é somado à taxa de juro fixa. Este é definido através do crescimento médio real do PIB português dos últimos 4 trimestres conhecidos até ao mês anterior à data de pagamento de juros.
Quando a economia está em expansão, e o PIB está a subir, registam-se pressões inflacionistas. O aumento de preços generalizado, dos combustíveis aos materiais de construção, é passado ao consumidor e faz subir o preço das casas e dos créditos habitação. Com esta subida, também aumentam as rendas dos alugueres, à medida que os possíveis compradores se vêm sem capacidade financeira para comprar propriedades.
À medida que a inflação e as taxas de juro sobem, as empresas e os consumidores reduzem os gastos e a economia tende a abrandar. Mas quando a situação não se corrige por si, pode ser necessária a intervenção do Banco Central Europeu para baixar as taxas de juro diretoras, que por sua vez vão reduzir as taxas de juro dos créditos.
Quem adquiriu uma hipoteca de taxa fixa está mais protegido contra estas flutuações. Nestes empréstimos, a mensalidade mantém-se inalterada durante o prazo que tiver sido acordado com a instituição de crédito. No entanto, em condições normais, a prestação de um empréstimo a taxa de juro fixa é mais elevada do que a prestação indexada à EURIBOR.
O PIB é também essencial no que toca às decisões de investimento. Por exemplo, uma empresa que pretenda expandir-se para novos mercados poderá utilizar o PIB para avaliar quais os mercados que mais saudáveis. Já um investidor interessado em mercados emergentes poderá utilizar o PIB para compreender quais os países que estão a crescer a taxas mais rápidas e, por conseguinte, poderão proporcionar o maior retorno do investimento (ROI).
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