Faz, este ano, 50 anos desde que as Nações Unidas formalizaram o Dia Internacional da Mulher em 1975. Meio século de reivindicação pela mesma igualdade. A mesma oportunidade de acesso e crescimento. No entanto, as desigualdades persistem, o que nos obriga a perguntar porquê e a procurar soluções efetivas.
Em Portugal, as mulheres ocupam apenas 30% dos cargos de gestão e 27% dos cargos de liderança, segundo a 14. ª edição do estudo da Informa D&B “Presença Feminina nas Empresas em Portugal” lançado há um ano. Os setores onde esta representatividade é mais baixa incluem Tecnologias de Informação e Comunicação, Energias e Ambiente e Construção, todos com apenas 18% de mulheres em cargos de gestão.
O mesmo estudo identifica os principais desafios enfrentados pelas mulheres na área tech: 48% mencionam a falta de mentores, 42% a ausência de exemplos a seguir, 39% referem preconceitos de género no local de trabalho, 36% relatam oportunidades de crescimento desiguais e 35% sentem-se prejudicadas por diferenças salariais para as mesmas competências.
Por outro lado, o estudo “Women in Tech 2024”, desenvolvido pelos responsáveis da Web Summit com uma amostra de mil mulheres a nível global no setor da tecnologia, reforça estas conclusões. Mais de 75% das inquiridas afirmam ter de trabalhar mais do que os homens para obter o mesmo reconhecimento. Apesar de neste estudo os índices de liderança feminina serem significativamente superiores (68,2%), a desigualdade salarial ainda é um problema: mais de metade das mulheres sentem-se injustamente remuneradas. Para 49,1% das inquiridas, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional continua a ser um desafio.
Na minha realidade, enquanto jovem mulher neste vasto mundo em crescimento da tecnologia, procuro fazer da igualdade uma missão pessoal. Acredito na força das mulheres e no seu papel essencial no futuro da tecnologia. Não basta apenas ocupar espaço; é fundamental marcar a diferença e desafiar as estatísticas.
Para contrariar estas estatísticas, têm sido feitos esforços para promover as mulheres na tecnologia. A Web Summit, por exemplo, implementou o programa “Mulheres na Tecnologia” e assim garantir que todos têm as mesmas oportunidades. Trata-se de reconhecer que o ponto de partida é diferente e ajustar o caminho para que a meta seja alcançável por todos.
Desde a implementação deste programa, a participação feminina na Web Summit aumentou para 42%, atingindo, em 2021, um marco histórico de 50,5%. No ano passado, das 3.000 startups presentes no evento, 1.000 foram fundadas por mulheres.
Em Portugal, também se dão passos importantes. A 7ª edição dos Portuguese Women in Tech Awards (PWIT Awards), realizada em 2024, continua a destacar mulheres do setor tecnológico, promovendo networking, mentoria e inspirando novas gerações. Na TechOf em 2024, 51% dos nossos alunos foram mulheres, um reflexo da transformação e do futuro que estamos a construir.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas os avanços que vemos hoje são prova de que a mudança é possível. A próxima geração de mulheres em tecnologia não tem apenas de ocupar espaço, mas de moldar o setor, criar referências e inspirar outras a seguir o mesmo caminho. O futuro da tecnologia só será verdadeiramente inovador quando todos fizerem parte da conversa.