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O que ficou dos discursos do 25 de Abril na Madeira

A saúde é uma das áreas apontadas como deficiente pela oposição. José Manuel Rodrigues indica, sobre este assunto, os 40% de madeirenses que não têm médico de família e as 21 mil pessoas em lista de espera para uma cirurgia.
Cristina Bernardo
26 Abril 2019, 12h09

A saúde e as desigualdades económicas e sociais foram alguns dos temas a emergir nos discursos do 25 de Abril na Madeira. Não faltaram ainda referências ao estado das ligações aéreas e ainda ao relacionamento com a República.

A dívida “impagável e que condiciona o investimento, o crescimento económico e a criação de emprego”, foi uma das fragilidades apontadas pelo deputado do CDS José Manuel Rodrigues, que também referiu os salários médios inferiores à média nacional, os 35 mil idosos com pensões e reformas abaixo do salário mínimo, a taxa de desemprego que volta a subir e ainda é a maior do país, com mais de 16 mil pessoas sem trabalho.

A deputada Lina Pereira do JPP fez referência ainda às desigualdades económicas e sociais, “que coloca Portugal num dos países mais desiguais da Europa e a Região Autónoma da madeira com mais de 27% da sua população em risco de pobreza”.

Lina Pereira registou também a situação atual das ligações aéreas na Região e a “inexistência de ligações marítimas”, apontando estas situações como violações das “liberdades de abril” que promovem o princípio da continuidade territorial, “constitucionalmente consagrado”.

A saúde é uma das áreas apontadas como deficiente pela oposição. José Manuel Rodrigues indica, sobre este assunto, os 40% de madeirenses que não têm médico de família e as 21 mil pessoas em lista de espera para uma cirurgia.

Miguel Albuquerque

Miguel Albuquerque refere que estes números são “completamente mentira” e que têm em vista apenas uma questão pré-eleitoral. O Presidente do Governo Regional da Madeira constata que “na verdade nós temos o maior investimento do país, quer per capita, quer em termos de PIB do país na Região na saúde, ao contrário do Governo da República que retirou 15% ao Serviço Nacional de Saúde, nós aqui aumentamos”.

Ainda sobre a saúde, Miguel Albuquerque aponta os investimentos nos centros de saúde de Câmara de Lobos, de 8 milhões de euros, Calheta e Nazaré, além da reabilitação do Hospital dos Marmeleiros e o concurso internacional para o novo hospital da Madeira.

Quanto às listas de espera, o Presidente do Governo Regional afirma que estas têm diminuído e que vão continuar a decrescer com a abertura de mais duas salas de ambulatório. “Mas as listas de espera aqui na Madeira são transparentes e têm um fluxo contínuo, nós aqui não maquinamos a lista de espera, ao contrário do que acontece a nível nacional”, sublinha.

Miguel Albuquerque não deixou de tecer críticas ao Partido Socialista afirmando “a vassalagem desta gente relativamente ao governo Costa e a Lisboa”. O Presidente da Madeira salienta que seria o fim da Região “se um dia esta gente tomasse conta da Madeira”, já que “tudo o que faz é obedecer ao dono e a Lisboa”.

Ao Governo da República, Miguel Albuquerque critica as “políticas separatistas que tem promovido relativamente à RAM”. Sobre este assunto: “acha que é normal que não se intervenha na TAP e que a TAP continue a prejudicar a economia da Madeira e os madeirenses a praticar preços como estão a praticar”, “acha que é normal um governo como este continuar a cobrar de forma escandalosa juros agiotas à Região, continuar a persistir com a Madeira a pagar 3,375 de juros”, o que equivale a 12 milhões de euros é a pergunta que o Presidente do Governo Regional da Madeira não deixa sem resposta.

A resposta é que “tudo isto é uma palhaçada e um sinismo relativamente aos madeirenses”.

A Comissão de Inquérito que foi pedida pelo PS na Assembleia Legislativa da Madeira sobre a relação do Governo Regional com as empresas, embora votada contra, é mais uma maneira de denegrir e atacar os membros do Governo Regional, aponta Miguel Albuquerque, acrescentando que “hoje vale tudo”. No entanto, o Presidente da Madeira diz que se quiserem fazer uma Comissão de Inquérito (CI), “nós vamos à CI, não temos medo nenhum da CI”, apesar de referir que a Vice-presidência já esclareceu tudo.

Câmara Municipal do Funchal

Na Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafôfo anunciou que a Autarquia vai celebrar no próximo mês de maio um acordo de financiamento com a Secretaria de Estado da Habitação para a construção de uma nova Habitação Social no Funchal, “que levará à construção de dezenas de fogos de raiz a partir do próximo ano”, num investimento que pode ultrapassar os 15 milhões de euros.

Além deste investimento, o Presidente da CMF anunciou também um Plano Local de Saúde, “o primeiro na Região”, focado em áreas prioritárias, como afirma Paulo Cafôfo, como o combate à obesidade infantil, às doenças cardiovasculares, à diabetes e ao isolamento social.

Ao mesmo tempo o deputado municipal do PSD Bruno Macedo quer eleições intercalares no Funchal. Bruno Macedo diz que considera que este é “o único caminho para devolver a liberdade à cidade, refém há mais de um ano de um presidente que apenas a utiliza para fins meramente pessoais”.

“Esse engano deliberado condicionou e manchou um processo que tinha tudo para correr bem, e trouxe como consequência a transformação da coligação vencedora numa manta de retalhos”, observa Bruno Macedo, lembrando que dos cinco partidos originais apenas dois continuam a apoiar o executivo municipal. “O principal [o PS] não tem nenhum elemento conhecido nos primeiros lugares da vereação e o secundário [PDR], mais pequeno e sem expressão, depende de um emprego numa empresa municipal.”

Os restantes, continua o deputado social-democrata, “saíram por vontade própria, depois de terem tido consciência do logro em que estiveram envolvidos e do aproveitamento político que o cabeça-de-lista fez de um projeto em que acreditavam, mas que hoje faz parte de ruínas”.

Bruno Macedo considera que Paulo Cafôfo não está preocupado nem em sintonia com as necessidades da cidade e da população, e que, por isso, tem de sair.

“Falamos do homem que ia cumprir o mandato até ao fim, e que quinze dias depois andava envolvido numa golpada partidária. Falamos do homem que ia sair quando houvesse data para as eleições, e que por aí continua como se não fosse nada com ele”, comenta Bruno Macedo, dizendo que um político que só aparece nos bons momentos, não é um político. “É uma amostra de político. “

Rui Ferrão do Bloco de Esquerda, num almoço que celebrava os 15 anos do partido referiu que é preciso “levar abril até à Europa”, salientando que a Europa é hoje castigadora e autoritária, impondo as suas regras “que trazem a austeridade como a nova ordem social e económica”.

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