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“Ciclo de vida compensa as emissões”. Consórcio apela ao uso de embalagens reutilizáveis

Não há dúvida de que as embalagens reutilizáveis (plástico ou vidro) são mais “amigas do ambiente” que as descartáveis. Por isso, e devido a um relaxamento das regras, um consórcio de associações ambientalistas elaborou algumas razões pelas quais é melhor adotar esta solução.
18 Junho 2023, 17h00

As organizações ambientalistas criticam as metas propostas na Diretiva Embalagens, apelidando-as de “pouco ambiciosas”, sendo que estas foram das mais atacadas pelo lobby do descartável.

O consórcio de entidades ambientais, do qual faz parte a Associação Zero, publicou uma carta a pedir regras mais apertadas ao Parlamento Europeu, de forma a que os países se aproximem das metas definidas no Acordo de Paris. Mas como lembra a Zero, a indústria ligada às embalagens descartáveis, do qual fazem parte algumas marcas de fast-food, não estão “minimamente interessadas em mudar o seu modelo de negócio”, uma vez que os lucros continuam a chegar.

Na carta aberta, o consórcio apresenta algumas razões pelas quais é importante apoiar a reutilização de embalagens no sector do take-away.  

O primeiro ponto é que as embalagens reutilizáveis são “mais amigas do clima” que as descartáveis. “As emissões associadas às embalagens reutilizáveis são distribuídas ao longo do seu ciclo de vida de acordo com o número de rotações que faz, mas apenas até um determinado ponto de equilíbrio”, destaca. Dando um exemplo prático, o consórcio explica que os copos de plástico reutilizáveis (já adotados em muitos festivais) são mais vantajosos após dez ciclos, enquanto os recipientes para refeições só se tornam vantajosos ao fim de 14 utilizações. 

O segundo ponto é que a limpeza deste tipo de embalagens para take-away consome menos água do que a produção de embalagens descartáveis, pelo que mostram várias investigações independentes.

Enquanto que as embalagens reutilizáveis utilizadas no take-away acabam por ser recicladas, o destino mais certo das embalagens descartáveis é o descarte para a incineração ou aterro. “Os cenários de produção e descarte de embalagens reutilizáveis ​​em sistemas de reutilização geralmente decorrem em ambiente controlado, pois operam dentro de um sistema que inclui um incentivo económico para a devolução da embalagem”, aponta a Zero. Nestes casos, quando a embalagem reutilizada chega ao fim de vida útil, é devolvida ao operador do sistema, de forma a ser garantido um fluxo de resíduos seguro e limpo.

“O incentivo a que ‘traga a sua própria embalagem’ não será suficiente para criar uma transição para a circularidade das embalagens”. Este apelo, segundo a Associação Zero, “continua a ser um conceito para um nicho de consumidores altamente motivados que não contribui suficientemente para igualar as condições de mercado entre as embalagens descartáveis ​​e as reutilizáveis”. “Mesmo com um desconto, o incentivo tende a não ser suficiente para alterar as práticas dos utilizadores. Assim, ‘trazer o seu’ pode ser encarado como uma medida complementar à definição de metas de reutilização, mas não é suficiente para fazer face ao aumento das embalagens descartáveis no ​​take-away”, destaca.

Sobre o reenchimento seguro das embalagens, o consórcio nota que este é possível desde que se cumpram as normas de higiene. “O reenchimento quando se traz a sua própria embalagem ou a utilização de embalagens reutilizáveis no âmbito de um sistema de reutilização pode ser bem implementado, levando em conta as normas de higiene”. Esta prática já é abrangida pela legislação, sendo aplicável a todas as áreas que lidam com alimentos.

O consórcio lembra que “as embalagens de papel exercem pressão sobre as florestas e nem sempre são recicláveis”. “Na União Europeia, metade de todo o papel produzido é agora usado para embalagens com três mil milhões de árvores a serem cortadas anualmente em todo o mundo para responder à procura por embalagens de papel. Além dessa pressão sobre as florestas, as embalagens de papel costumam ser revestidas com outros materiais, como plástico e alumínio, o que gera mais resíduos e pode dificultar a reciclagem”, indica.

Noutra nota, as embalagens de papel ou cartão são contaminadas com géneros alimentares, algo que impossibilita a sua reciclagem, terminando a embalagem nos aterros ou a ser incinerada. Por exemplo, as caixas de pizza, devido à gordura acumulada no cartão, não podem ser depositadas no caixote de lixo do cartão devido à contaminação, devendo ser colocadas no ecoponto comum. 

As organizações ambientalistas pedem ainda melhores práticas para toda a União, melhorando a legislação existente. Ainda assim, lembra que países como França, Portugal, Países Baixos, Luxemburgo e Alemanha já implementaram medidas específicas de apoio ou obrigatoriedade de embalagens reutilizáveis para o take-away. 

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