Centeno, para quem os fins justificam os meios, tem-se revelado um fiel aprendiz de Maquiavel.

Em dezembro de 2015, no caso Banif, terá pedido ao BCE para instigar Bruxelas a aceitar a proposta do Santander, mentindo descaradamente na comissão de inquérito parlamentar sobre eventuais persuasões.

Em novembro de 2016, no caso CGD, António Domingues comprometeria Centeno com as suas promessas para que aquele aceitasse liderar o banco público, mais tarde vergonhosamente negadas por este. Uma vez mais, e perante as provas dadas a lume, incorreria em intoleráveis falsidades.

Nunca houve dúvidas de que Domingues fez exigências a Centeno e que este, em conluio com Costa, prometeu satisfazê-las. Houve, portanto, um regime de exceção urdido entre Centeno, Costa e Domingues. Só não vê o ludíbrio quem não o quer ver.

Mais tarde, sem condições políticas para honrar o compromisso que assumira, Centeno recua e nunca assume nada. Costa, na retaguarda, já poderia aconselhar Centeno a descartar Domingues porque a recapitalização da CGD fora garantida em Bruxelas. Domingues sente-se burlado e jura, agora, vingança.

Em qualquer país da Europa a mentira faz rolar a cabeça do governante que a profere. Recentemente, as demissões do ministro da Justiça da Holanda e da ministra dos Transportes da Bélgica fazem prova disso. Mas por que razão só em Portugal é que há sempre “panos quentes” para a desonestidade? A desculpa de que a demissão de Centeno seria negativa para Portugal junto da UE e dos investidores não pode ser razão para Marcelo tentar, desde a primeira hora, silenciar este exercício de profunda desonestidade política e institucional.

Mas, para além da total ausência de dignidade, desde quando é que um governante não é responsável criminalmente por falsas declarações?

Enquanto isto, Costa vai perdendo a oportunidade de se consagrar campeão pelo cumprimento do défice e pelo crescimento económico. Resta saber se os dados económicos revelados não foram encobertos como no tempo de Sócrates, em que o défice de 11,2% do PIB de 2010, o mais alto da história, só foi conhecido em 2014.

Não há nada que justifique que os portugueses sejam enganados por Centeno e por Costa desta maneira tão vil. Este Governo, onde a cobardia e a mentira se institucionalizaram, continua a oferecer sinais de perigo para a nossa democracia. Por isso, e lembrando a célebre frase de Mário Soares, é caso para dizer a Centeno: “Ó Sr. Ministro, desapareça!”.