Vivemos um momento ímpar em Portugal. Os indicadores macroeconómicos são exemplares: o desemprego cai mês após mês, o peso da dívida recua, o défice bate recordes. Os índices de confiança nunca foram tão favoráveis, seja para os consumidores, seja para as empresas. Retomamos o optimismo de há 10 ou 15 anos, puxando, desta forma, pela economia e potenciando a procura interna e as exportações.

Mas não recuamos simplesmente nos bons momentos e nos indicadores, numa espécie de  reviver as experiências do passado. Nada disso.  Acrescentamos valor e fomos mais à frente do que alguma vez tinha acontecido: o défice nunca foi tão baixo na história da democracia do país, o crescimento económico bate recordes e a procura externa passa a ter um papel relevante na dinâmica do PIB, sem descurar que o mercado interno ainda conta muito para o crescimento da nossa economia,  sendo desejável minimizar os impactos no défice. Tudo matérias da esfera do imaginário português, mais próximo da ficção do que da realidade, apontavam até há pouco tempo muitos comentadores e especialistas!

Este movimento que se instalou em Portugal não se traduz apenas em ter colocado o país na moda, destacou-se também, e sobretudo,  por ter construído a tendência que a Europa passou a apreciar. Por ter recolocado os cidadãos no centro das opções políticas e por ter sabido provar que havia um caminho diferente que não maltratava os portugueses, ao mesmo tempo que cuidava da economia e do emprego. É por isso que as teses da TINA – acrónimo em inglês para There Is No Alternative, “Não Há Alternativa” – morreram esta semana com a eleição do português Mário Centeno para Presidente do Eurogrupo.

Portugal certificou a sua estratégia e mostrou o caminho que a Europa devia seguir. A Europa de Merkel rendeu-se. Não tinha alternativa face ao impacto dos resultados, decorrente do caminho que António Costa fez questão de construir. Ninguém tem hoje a ousadia de colocar em causa o nexo de causalidade da governação portuguesa: os bons resultados resultam da mudança de ciclo político e das reversões efectuadas. Nasceu assim um novo caminho na Europa, cujo principal protagonista passou a ser o português Mário Centeno. A afirmação deste caminho ainda agora começou e não devem faltar candidatos para estudar a solução e aplicar as políticas do milagre português. Que assim seja.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.