[weglot_switcher]

OCDE alerta que ritmo de mudança das transformações ambientais e digitais supera o da educação e competências

“Para garantir que todos possam participar e beneficiar do desenvolvimento e do crescimento económico e, em particular, das oportunidades criadas pelas transformações ecológica e digital, os decisores políticos devem alinhar melhor a educação e a formação de competências com as competências necessárias no mercado de trabalho. Isto é essencial para ajudar os trabalhadores a enfrentar os impactos significativos destas transformações nos mercados de trabalho”, defende Mathias Cormann.
6 Novembro 2023, 14h15

O reforço das competências é fundamental para a transição ecológica e para aproveitar o potencial da IA (Inteligência Artificial), defende a OCDE.

Os investimentos em competências são fundamentais para construir uma transição ecológica e digital resiliente, defende a organização. No entanto, acrescenta, a velocidade das transformações ambientais e digitais está a ultrapassar a taxa de mudança nas políticas de educação e competências e a sua capacidade de responder às tendências e necessidades emergentes na sociedade e nos mercados de trabalho.

À medida que vão surgindo novos perfis profissionais e requisitos de competências, em média, nos países da OCDE, apenas cerca de quatro em cada dez adultos participam em ações de formação formal ou informal por motivos relacionados com o trabalho. Esta situação dificulta a capacidade dos trabalhadores em melhorar e requalificar as suas competências, limitando as suas oportunidades de reafectação de sectores e profissões e a sua capacidade de reforçar as competências de que necessitarão para trabalhar em conjunto com as novas tecnologias para tirar o máximo partido dos potenciais ganhos de produtividade, conclui a OCDE no seu Skills Outlook 2023.

“Os países devem intensificar significativamente os esforços para reforçar os sistemas de educação inicial e proporcionar melhores oportunidades de melhoria de competências e de requalificação para a aprendizagem ao longo da vida, a fim de garantir que as competências disponíveis respondem mais eficazmente às necessidades do mercado de trabalho”, segundo o Skills Outlook 2023.

“Isto também é essencial para garantir que as sociedades possam aproveitar todo o potencial da inteligência artificial (IA) e da robótica e fazer uma transição bem-sucedida para uma economia líquida zero, de acordo com o relatório.

O relatório cita o Secretário-Geral da OCDE, Mathias Cormann a dizer que “as competências desempenham um papel essencial na construção de economias e sociedades fortes, justas e sustentáveis, mas as necessidades de competências das nossas economias e sociedades estão a evoluir”.

“Para garantir que todos possam participar e beneficiar do desenvolvimento e do crescimento económico e, em particular, das oportunidades criadas pelas transformações ecológica e digital, os decisores políticos devem alinhar melhor a educação e a formação de competências com as competências necessárias no mercado de trabalho. Isto é essencial para ajudar os trabalhadores a enfrentar os impactos significativos destas transformações nos mercados de trabalho”, defende Mathias Cormann.

A OCDE considera que garantir a melhoria de competências e a requalificação adequadas, bem como a prestação de assistência às populações afetadas negativamente pelas alterações climáticas, é fundamental para garantir o apoio contínuo às ações destinadas a travar a degradação ambiental.

“Os sistemas educativos devem redobrar os seus esforços para desenvolver as competências de sustentabilidade ambiental dos jovens, dotando-os das competências e da vontade para apoiar a persecução dos objetivos verdes. Apenas cerca de um em cada três jovens nos países da OCDE combina níveis fundamentais de literacia científica com atitudes e comportamentos que lhes permitem ser consumidores conscientes e futuros trabalhadores na economia verde”, lê-se no relatório.

A evolução da inteligência artificial generativa e da robótica exigirá que as pessoas desenvolvam competências para trabalhar com sistemas de IA e não apenas com as tecnologias existentes, conclui o Skills Outlook 2023 que ainda que este facto constituirá um segundo desafio para os sistemas de educação e formação.

Apesar de, em média, nos 14 países da OCDE analisados, menos de 1% das ofertas de emprego em linha exigirem competências relacionadas com a IA, a adoção da IA por toda a economia irá provocar alterações significativas na procura de competências, constata a OCDE.

A organização refere ainda que “as pessoas oriundas de meios socioeconómicos desfavorecidos têm também menos probabilidades de adquirir competências numa série de domínios durante o ensino formal, nomeadamente para desenvolver atitudes e disposições que possam apoiar a dupla transição digital e ecológica e reduzir a sua vulnerabilidade às mudanças ambientais e tecnológicas”, pelo que, defende a OCDE, “é necessária uma ação política para identificar a vulnerabilidade devida à falta de proficiência em competências, a fim de melhorar tanto a igualdade de oportunidades como o bem-estar geral”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.