A OCDE revê em alta as suas projeções para o crescimento português nos próximos dois anos, estimando agora que o PIB do país avance 4,8% em 2021 e 5,8% em 2022. Estas projeções, conhecidas com a divulgação do documento semestral da organização para a economia mundial, contrastam com as anteriores estimativas de 3,7% e 4,9% para 2021 e 2022, respetivamente, emitidas em maio.
O valor para 2021 fica em linha com as mais recentes previsões do Governo, mas a estimativa para 2022 da OCDE é ainda mais otimista do que a de Lisboa, que aponta para um crescimento de 5,5% no próximo ano.
Para a dívida pública, a OCDE estima que 2021 feche com este indicador a atingir 133,4% em função do PIB, rácio que recua para os 128,3% no ano seguinte. O défice deverá ficar pelos 1,0% este ano e pelos 0,6% em 2022.
A análise da OCDE à economia portuguesa reconhece a melhoria forte das condições no país durante o segundo e terceiro trimestres deste ano, salientando a gestão da situação pandémica e a elevada taxa de vacinação que permite a Portugal fugir a medidas mais restritivas à atividade.
Esta é uma das bases que possibilitou o aumento do consumo privado e do comércio a retalho que o país experienciou neste período, complementado por uma melhoria da confiança dos agentes e do clima económico. Acresce a recuperação, ainda que “arrancando de valores muito baixos”, da indústria do turismo.
Por outro lado, a produção industrial abrandou recentemente, refletindo as disrupções verificadas a nível global nas cadeias logísticas e no fornecimento de matérias-primas. No entanto, e apesar do aumento de custos a que este fenómeno leva, a inflação no país não acelerou como noutras geografias, o que significa que esta pressão na estrutura de custos não tem sido transferida para os consumidores.
Assim, a inflação não é dos principais riscos às projeções da OCDE para o nosso país, ao contrário do que vai acontecendo com muitas outras economias avançadas. No caso português, o principal risco identificado pela análise da organização prende-se com o aumento do malparado e as consequências que tal poderá ter no tecido produtivo, dado o fim das moratórias de crédito.
Um aumento das falências poderá constituir um problema tanto ao nível do emprego, como do sistema financeiro, pelo que urgem mais medidas de agilização dos processos de solvência das empresas. Simultaneamente, o relatório sublinha a importância de não serem revertidas algumas reformas recentes no mercado laboral, o que poderia condicionar a recuperação em curso.
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