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OCDE, mais pessimista que o Governo, vê economia nacional a crescer 1,8% no próximo ano

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico projeta que o crescimento do PIB continue a desacelerar até 2021. O menor consumo das famílias contribui para esta evolução, mas aumento das exportações deve resistir “devido aos ganhos de competitividade”.
  • Cristina Bernardo
21 Novembro 2019, 10h00

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que o crescimento da economia portuguesa continue a desacelerar até 2021, cortando ligeiramente a projeção sobre a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020. A organização liderada por José Ángel Gurría alinha, no entanto, expectativas com o Governo e prevê défice nulo já no próximo ano e de 0,1% este ano.

No “Economic Outolook”, publicado esta quinta-feira, a OCDE vê a economia portuguesa a crescer 1,9% este ano, subindo ligeiramente as projeções face ao relatório publicado em maio, quando via o PIB a crescer 1,8%, e alinhando com as previsões do Governo. No entanto, para o próximo ano desce em 0,1 ponto percentual (p.p.) as projeções e vê a economia nacional a crescer 1,8%, desacelerando para 1,7% em 2021. As projeções para 2020, ficam assim 0,2 p.p. abaixo do cenário das Finanças, inscrito no esboço orçamental.

A OCDE considera que a contribuir para esta evolução estão a diminuição do consumo interno, compensada pela resistência das exportações portuguesas ao abrandamento internacional, devido aos ganhos de competitividade.

“Apesar da baixa inflação e das condições financeiras favoráveis, o crescimento das despesas das famílias deve diminuir devido a alguma moderação no crescimento do emprego e à estabilização do crescimento dos salários”, antecipa a OCDE.

A instituição com sede em Paris considera ainda que “apesar da fraca procura externa, as exportações devem continuar a crescer devido aos ganhos de competitividade”, influenciados pelo baixo crescimento do custo unitário do trabalho. Este é aliás um dos fatores identificados pela instituição, a par da melhoria do desempenho do mercado de trabalho “como resultado das reformas estruturais em curso”.

Por sua vez, o Governo português, no esboço orçamental enviado a Bruxelas em outubro, previu um défice de 0,1% e um crescimento de 1,9% este ano.

Para a OCDE, o crescimento do investimento irá aumentar em 2021, suportado por uma maior absorção dos fundos estruturais da União Europeia, o que irá impulsionar as importações.

Entre os riscos negativos, elenca uma deterioração adicional das perspectivas de crescimento na União Europeia e a incerteza provocada pelo Brexit, que pode afetar o comércio e o turismo.

A OCDE repete ainda o aviso de várias instituições internacionais, ao sublinhar que o setor bancário continua vulnerável a choques financeiros, devido aos elevados níveis de malparado.

OCDE alinha com Governo e acredita em défice nulo em 2020

A OCDE acredita nas metas das Finanças para o défice orçamental e acredita que Portugal atinja o défice nulo no próximo. Para este ano, projeta um défice de 0,1%, tal como a Comissão Europeia.

“Prevê-se que a orientação orçamental seja amplamente neutra em 2020-21, o que é apropriado, dada a ausência de folga económica, e a relação dívida pública/PIB continuará a diminuir”, explica.

A instituição acredita ainda que “o aumento da eficiência” da despesa pública irá suportar a criação de almofadas para enfrentar choques imprevistos e o impacto orçamental do envelhecimento da população.

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