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OE2021 é uma oportunidade para intensificar a mobilidade elétrica

A tendência para a alteração comportamental a nível de motorizações eletrificadas nas frotas é irreversível. E o Orçamento do Estado para 2021 é, assim, uma oportunidade para acelerar.
3 Outubro 2020, 20h30

As marcas continuam a investir forte nos veículos plug-in híbridos e 100% elétricos e o mercado de frotas está a responder. Em termos de volume total ainda é pouco expressiva, comenta António de Oliveira Martins, vice-presidente da ALF. Aliás, os números de 2020 indicam que os veículos eletrificados representam cerca de 18% do total dos automóveis ligeiros de passageiros vendidos no país, sendo que estão divididos em parcelas idênticas para híbridos, híbridos plug-in e 100% elétricos. Os fatores fiscais são determinantes para esse crescimento e, por isso, o Orçamento do Estado para 2021 é uma oportunidade. Diz o mesmo dirigente associativo que a expetativa é que a atividade de renting, que tem sido um dos grandes instrumentos para aceder a esse tipo de veículos, desempenhe esse papel, mas para isso há medidas que “poderiam ajudar” na recuperação. E cita a já proposta isenção de tributação autónoma às empresas que apresentem prejuízos fiscais, assim como o aumento dos benefícios fiscais nas viaturas elétricas e híbridas associadas às “políticas verdes” e uma política de incentivo ao abate que não discrimine todos os tipos de acesso à mobilidade”.

Aliás, todos os operadores ligados a frotas e à venda de veículos elétricos são unânimes em considerar que seria desejável que se mantivessem “ou até reforçassem os incentivos para os veículos elétricos, incentivando a renovação e descarbonização das frotas” no país, frisa o Fleet Section Manager da Nissan em Portugal, Rui Alves.

 

Tendências
Definitivamente os clientes de frotas estão a mudar as tendências. Pedro Pessoa, diretor comercial da LeasePlan, a maior gestora nacional de frotas, diz que “a opção pela mobilidade elétrica faz cada vez mais sentido para as empresas, tendo em conta um conjunto de motivos que vão desde os ambientais, consumos e contabilísticos, que se prendem com os benefícios fiscais associados. Com uma maior consciencialização de como as frotas das empresas podem contribuir para uma importante redução das emissões, temos vindo a desenvolver uma abordagem diferente da gestão de frotas no que diz respeito à sustentabilidade”. E adianta que, de acordo com a 2ª edição do estudo “Motorizações”, realizado pela equipa de consultoria da LeasePlan, “as empresas apostam cada vez mais na mobilidade elétrica, havendo assim um grande potencial por explorar nas frotas empresariais no que respeita às motorizações sem emissões”. Por seu lado Ricardo Tomaz, diretor de Marketing Estratégico da SIVA, diz que a opção dos clientes de frotas por veículos eletrificados “é um movimento irreversível. Por enquanto, as empresas interessam-se pelos híbridos plug-in que contam com importantes benefícios fiscais ao nível da tributação autónoma, mas à medida que a oferta dos 100% elétricos se alargar, este será o verdadeiro motor de crescimento da mobilidade elétrica”. Maurício Marques, da Locarent, assinala que “com a crescente evolução tecnológica e a mitigação dos problemas de usabilidade, como os tempos de carregamento e autonomia, esta opção está cada vez mais presente”. Adianta ainda que, no segmento empresarial, são os híbridos que têm uma maior procura, mas salienta que os 100% elétricos serão uma realidade evidente a curto prazo. No segmento particular, urbano e suburbano, a opção crescente por viaturas 100% é já notória”.

Outro tema relevante é o dos valores residuais que são impactados pelas compras dos rent-a-car, mas a redução de compras acabou por ter um efeito benéfico nos valores residuais. A oferta desses carros foi substancialmente reduzida no mercado de usados. Diz Nuno Jacinto, diretor comercial da ALD Automotive que, “durante o confinamento, a quebra de vendas de usados foi superior a 90%. O impacto refletiu-se nos valores mas, acima de tudo, na ausência quase total de vendas. Entretanto, o mercado tem vindo a dar sinais de franca retoma, mas alguns modelos nunca recuperaram os valores de venda para os níveis anteriores à pandemia.” Nuno Soares, diretor de Vendas de Frota da Toyota/Lexus, questionado sobre o efeito da pandemia na evolução das vendas, diz que na respetiva carteira de clientes não sentiu “um impacto imediato muito significativo na política e decisões de gestão de frota, quer pelo facto de uma grande parte se encontrarem em setores que mantiveram um nível adequado de atividade (Estado, indústria, construção, distribuição), quer por termos articulado também com as gestoras de frota a substituição de motorizações tradicionais (diesel) pelas nossas motorizações híbridas, mais eficientes ao nível de TCO. Se a situação pandémica se prolongar, poderemos vir a assistir a médio prazo a algumas alterações nas políticas de frota”. Jorge Magalhães do grupo PSA Portugal, assinala o facto de o seu grupo assegurar o “remarketing das viaturas seminovas que chegam ao mercado”, o que permite “garantir a valorização dos produtos, a estabilidade dos preços no mercado e, por consequência, o valor dos veículos que são adquiridos”.

Um tema não menos importante é lançado por Teresa Ponce de Leão, presidente da APVE, a Associação Portuguesa de Veículos Elétricos, que acredita que os problemas ao nível do carregamento elétrico e da autonomia das baterias serão ultrapassados, mas alerta para o facto de estar a emergir um outro “vetor energético, o hidrogénio verde, que permite produzir veículos elétricos com fuel-cell com maior autonomia. Estes poderão ser os veículos do futuro para o longo curso.

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