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Olivier: “Quero o mundo inteiro para mim, e mesmo assim não chega”

O chef português abriu um restaurante em Banguecoque para consolidar a internacionalização da marca SEEN, em parceria como grupo hoteleiro Minor. Mas não esquece o país em que nasceu e prepara a expansão nacional dos restaurantes que tem em Lisboa. Apesar de ter feito 20 anos de carreira profissional em 2018, Olivier da Costa está “na cozinha há 40 anos”.
14 Abril 2019, 16h00

O topo do Avani Riverside Bangkok Hotel foi invadido pela gastronomia do chef português Olivier da Costa. A expansão e consolidação da internacionalização para a Tailândia foi a aposta mais recente do chef e empresário para a marca SEEN.

Foi por ter ocupado o 26º andar do hotel, que também conta com um resort adjacente e com o rio Chao Phraya a perder de vista, que a marca SEEN, em conjunto com o grupo hoteleiro Minor, se expandiu para a Tailândia. O restaurante abriu a 7 de março e a festa de inauguração contou com a presença de mais de mil pessoas. Mantém as mesmas linhas dos já existentes em Lisboa e São Paulo, com um bar que revela ser a peça central e com uma “decoração Olivier de A a Z”, embora “com um formato mais hollywoodesco”, que incluí dançarinas “à moda da Ásia”.

O chef sublinha que o restaurante na capital tailandesa é “uma versão aditivada do conceito SEEN”, sendo que o espaço consegue ser maior do que os já existentes. No entanto, o ponto que Olivier considera mais atrativo é a vista, apesar de ser diferente da que existe na capital portuguesa. “Quando chega a altura do pôr do sol, por volta das 18h00, os turistas sobem todos ao rooftop para tirar fotografias para as redes sociais e há pessoas a atirar-se para a piscina. É incontornável apreciar a vista do topo deste hotel”, explica o chef.

Apenas curtos meses após a abertura do SEEN Lisboa, em novembro de 2018, o convite do grupo Minor para expandir a marca para o continente asiático foi bem recebida por Olivier da Costa e pela sua equipa. Além da iluminação e decoração escolhida de forma meticulosa pelo português, também o seu representante foi escolhido a dedo, embora admita que foi “amor à primeira vista”.

Alexandre Castaldi é francês e ainda não tem 30 anos, mas foi a escolha de Olivier da Costa para gerir a cozinha do seu restaurante mais longínquo. A escolha baseou-se no treino que fez em cozinhas bastante famosas pelas estrelas Michelin, por viver em Banguecoque há seis anos e conhecer a cidade que o rodeia como a palma da sua mão.

Os preços na capital tailandesa vão ser semelhantes aos praticados nos restantes restaurantes em parceria com o grupo de hotelaria Minor. As refeições irão rondar uma média entre 50 e 70 euros por pessoa, o que não deverá ser uma surpresa para os clientes mais assíduos da marca SEEN.

Quando questionado sobre o próximo plano de expansão, Olivier diz que existe um destino no horizonte ainda que o negócio não esteja totalmente encerrado. Ao assumir que vai expandir, o chef admite que a localização é a chave do seu negócio, uma vez que “a vista é a principal característica da marca SEEN” e que estes restaurantes nunca poderão ser “numa cave ou rés do chão”.

Em conversa com o Jornal Económico, o chef assumiu que quer “o mundo inteiro, e que mesmo este não chega” mas sublinha que “tem de ser um passo de cada vez”, com o plano de expansão certo e marcas certas.

Atualmente, o conhecido chef português tem sete marcas próprias: K.O.B (exclusiva para carnes), Olivier Avenida, Guilty, Yakuza First Floor (exclusiva de sushi), SEEN, Petit Palais e Savage, sendo esta uma parceria, divulgada em janeiro, com a Uber Eats.

A existência de propostas e planos para internacionalizar diversas marcas, como a K.O.B, Guilty ou Yakuza First Floor, mostram que Olivier não tem só mãos para a cozinha mas também para os negócios. Ainda que o trajeto seja a expansão nacional para outras cidades em Portugal, a saída de Portugal pode estar a chegar para estas marcas.

Manuel Simões de Almeida, amigo pessoal do chef há 30 anos e responsável de marketing da marca ‘Olivier’ desde 2017, gaba a “capacidade inata de criar conceitos, sendo que o Olivier já tem oito conceitos em carteira prontos para arrancar amanhã caso alguém esteja interessado”. E o diretor de marketing sublinha que, no momento, estão interessados em expandir com o apoio de parceiros “que valorizem a posição do nome ‘Olivier’ no mercado e que estejam prontos para dar o passo em função do crescimento”.

Restaurante cashless

Com 22 velas de carreira profissional sopradas em 2018, o chef rejeita a ideia que sejam tão poucos. “Tenho 43 de idade e são 40 de carreira. Desde que me lembro que estou dentro de uma cozinha”. Mas é aqui que o chef mostra as ambições e o que falta fazer com o grupo Olivier.

“O meu objetivo é que começem a conhecer a marca ‘Olivier’ antes dos 25, que neste momento é a idade média apresentada pelos clientes que frequentam os nossos espaços”. Para isso, o chef revela a mais recente novidade: o Savage vai abrir em formato físico e “vai tomar conta do palácio”.

A abertura ao público vai ser a 1 de abril, no Petit Palais, onde já decorre a preparação dos pratos para o serviço de entregas. Não é essa a única novidade, pois “vai ser o primeiro restaurante cashless em Portugal”. Só a funcionar com multibanco ou com o serviço MB Way, o responsável diz que se vai focar nos jovens com 16 anos, “de forma a que tenham vontade de crescer no mundo que criei”. No entanto, vai abrir em formato pop-up, o que significa que ficará aberta pouco tempo, “entre dois a três meses”. Apesar de abrir fisicamente, a parceria com a Uber Eats continua a funcionar normalmente.

Com a consolidação do negócio em 2017, o ano de 2018 trouxe prosperidade para as diversas marcas criadas, com o lançamento de novos projetos até ao primeiro trimestre deste ano.

Além da reabertura do Guilty na Avenida da Liberdade em dezembro e da estreia no Porto com o K.O.B, o chef confirma que há mais aberturas em 2019 e que também existem novidades que ainda não pode revelar.

A abertura do SEEN em Banguecoque reabre a caixa mágica do negócio criado pelo português. Entre abril e maio, porque “o projeto ainda está atrasado”, vai abrir o Yakuza First Floor em Cascais, no Sheraton Cascais Resort. Em maio, ainda sem dia definido para a abertura, o Guilty ruma ao Porto e junta-se às carnes maturadas do K.O.B, que se mudou para a baixa portuense. E o Yakuza First Floor volta a abrir no Algarve em junho, quando o verão der os primeiros ares de graça às praias algarvias.

A receber entre 1.500 a 2.500 clientes diários no conjunto dos seus restaurantes, o grupo Olivier faturou 8,8 milhões de euros em 2018, quando só detinha cinco restaurantes. Este valor representa mais 10% do que em 2017, e para este ano a fasquia subiu para nove milhões de euros, embora a previsão do grupo seja ultrapassá-la, devido à abertura de mais restaurantes no norte de Portugal.

As parcerias da marca Olivier com o grupo Minor ou com os proprietátios do Pine Cliffs arrecadaram 14 milhões de euros no total do ano passado. Desse modo, a marca do cozinheiro português aponta para um objetivo mais elevado, a tocar nos 20 milhões de euros, entre todas as parcerias e novos projetos que chegarão este ano.

Artigo publicado na edição nº 1982 de 29 de março do Jornal Económico

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