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OncoDNA chega a Portugal com análises genéticas ao cancro

Empresa europeia líder em medicina oncológica de precisão começou a operar, disponibilizando análises a hospitais públicos e privados.
29 Junho 2017, 06h40

Fundada na Bélgica em 2012, a OncoDNA é uma afiliada da BIO.be, que, por sua vez, é uma subsidiária do Instituto de Patologia e Genética, o maior laboratório belga de análises diagnósticas e patológicas do cancro.

A nível global, a empresa trabalha com 230 hospitais de mais de 60 países. Nas suas diferentes vertentes de atuação, conta com 11 mil utilizadores na sua plataforma de partilha de dados – OncoSHARE –, dos quais 1.500 oncologistas. Em 2015, realizou 8.000 análises, envolvendo 2.500 doentes, tendo conseguido documentar 19.000 variantes genéticas tumorais, documentado 600 fármacos e acompanhado em tempo real, mais de 50 mil ensaios clínicos.

Em declarações ao Jornal Económico, Luís Alvarez, diretor de desenvolvimento de negócio OncoDNA para Portugal e para a América Latina explica que a análise genética ajuda a determinar características dos tumores que são vantagens para o processo de tratamento.

“Os tumores, seja qual for o órgão em que se desenvolvem, apresentam uma enorme heterogeneidade genética”, afirma Luís Alvarez. “As diferenças entre dois tumores de pulmão, por exemplo, podem ser maiores a nível molecular, do que as identificadas entre um tumor de pulmão e um tumor da mama”, conta, apontando que esta situação é “de tal modo que, atualmente, os desenvolvimentos diagnósticos têm-se centrado mais no sentido de determinar as caraterísticas genéticas específicas de um tumor de um dado doente, do que na evolução tumoral no órgão afetado”.

Alvarez, que é doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Autónoma de Barcelona, com pós-doutoramento no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), explica que “tumores com o mesmo local de ocorrência em pessoas diferentes podem ter comportamentos diferentes”, enquanto “tumores presentes em diferentes locais do mesmo paciente podem ter as mesmas mutações”.

Assim, isto faz com que, “seja qual for o tumor, torna-se necessário conhecer o máximo possível sobre sua origem anatómica e molecular, porque é essa informação que nos permitirá obter os melhores resultados terapêuticos”.
“O que fazemos na OncoDNA é analisar, com extrema exatidão, as mutações específicas dos genes do tumor, proporcionando uma visão molecular dos mecanismos que promovem o crescimento do tumor e assim auxiliar o médico a determinar o tratamento mais eficaz para cada tipo de cancro e suas características particulares”, explica.

Na abordagem dos tumores, e para cada situação específica, a OncoDNA disponibiliza vários produtos, que, no final do processo, permitem otimizar o tratamento oncológico, com impacto expressivo no prognóstico da doença.

Sistemas de biopsia sólida e líquida

Um dos sistemas comercializados pela empresa é o OncoSTRAT&GO, que permite determinar a heterogeneidade genómica tumoral, mediante a análise combinada da biópsia sólida e da biópsia líquida (que deteta o DNA tumoral presente na corrente sanguínea) do doente, além da análise do seu ADN e a identificação de biomarcadores proteicos específicos. Trata-se de uma informação que é essencial à determinação de qual o tratamento mais eficaz para cada caso concreto, bem como para o estudo da monitorização da evolução do tumor com recurso ao sistema OncoTRACE, um estudo personalizável em biopsia líquida.

Ao Económico, Luis Alvarez explicou que a tecnologia da OncoDNA pode ser solicitada por qualquer doente (com intermediação médica), pelos médicos dos serviços públicos e privados e pelos laboratórios especializados.

As vantagens são muito atrativas, aponta diz, “particularmente em áreas específicas para as quais os hospitais não consigam dar resposta e que variam muito de unidade para unidade”. E estão bem documentadas. Além da informação que proporciona, que vai desde resultados de análises imuno-histoquímicas da expressão de proteínas, de metilação do ADN e das translocações cromossómicas, que permitem definir terapias dirigidas a alvos específicosbem como a resistência a estas e as opções terapêuticas alternativas, o sistema permite que toda a comunidade científica beneficie dos dados obtidos nos mais de 60 países em que a empresa atua, permitindo uma abordagem informada da decisão terapêutica, caso a caso, através a plataforma online OncoSHARE.
“90% dos resultados obtidos são informativos, reportando mutações genéticas, 72% das quais acionáveis, ou seja, que são sensíveis a fármacos já existentes e em 97% dos casos é possível estabelecer novas opções terapêuticas”, explica Luis Alvarez.

Com as operações para a península Ibérica e América Latina sedeadas em Valência, a OncoDNA espera conquistar mercado em Portugal, nos hospitais do setor público, mas também no privado.

O modelo de negócio é ajustável às necessidades de cada centro. “Um centro hospitalar pode, por exemplo, contratar um ‘pacote’ com um determinado número de análises e, depois, decidir, a cada momento, em que casos vai utilizar os serviços da OncoDNA”, explica Alvarez.

Um teste completo (OncoSTRAT&GO) que conjuga a biópsia sólida e líquida, custa cerca de 4.000 euros. A biópsia líquida, com recurso ao OncoTRACE, cerca de 1.500 euros.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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