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Da Uber à Airbnb: Onda de solidariedade global a caminho do Líbano

Para além das instituições que prestam auxílio em regiões afetadas por calamidades, um sem-número de empresas privadas e de doações pessoais estão a caminho de Beirute, na tentativa de minimizarem o impacto das explosões de semana passada.
  • REUTERS/ Mohamed Azakir
10 Agosto 2020, 17h19

Multiplicam-se por todo o mundo as iniciativas através das quais organizações, empresas e pessoas individuais estão a tentar ajudar os milhares de libaneses afetados pelas explosões da passada semana. E se as organizações estruturadas para este efeito estão na linha da frente da ajuda internacional, há cada vez mais exemplos de outras formas de chegar à cidade do Médio Oriente.

De entre as empresas privadas que querem ter uma palavra a dizer na ajuda a Beirute, destacam-se a Talabat – uma espécie de Uber Eats fundada no Kuwait e que opera também na Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Omã, Catar e Jordânia – que anunciou que doará todos os lucros obtidos no Líbano para os esforços de socorro.

A própria Uber não ficou atrás: ofereceu transporte gratuito para hospitais e centros de doação de sangue e proporcionou viagens gratuitas no passado fim-de-semana aos habitantes de Beirute.

Por seu lado, a Airbnb criou uma plataforma de ajuda humanitária para os habitantes de Beirute encontrarem casas alternativas às que foram destruídas e deixaram milhares de pessoas sem alojamento.

Outras empresas privadas estão a juntar ajuda – nomeadamente em dinheiro – para enviarem para o Líbano. A tecnológica norte-americana CISCO, que tem mais de 45 mil colaboradores em todo o mundo, é uma delas. À CISCO juntam-se a também norte-americana Western Union, empresa multinacional de serviços financeiros que anunciou isentar de taxas todas as transferências em dólares com destino ao Líbano. A Volkswagen Middle East – que entre vários outros locais opera no Líbano, anunciou que doará parte do seu orçamento para publicidade a instituições locais de caridade. A Telus Communications, empresa de telecomunicações do Canadá, está a permitir ligações telefónicas para o Líbano sem cobrança de roaming, ao mesmo tempo que está a colaborar com a Cruz Vermelha Canadiana para fazer chegar outras doações ao país. A britânica do setor de bebidas Diageo, a maior do mundo e que também opera no Líbano, prometeu um donativo de 500 mil dólares.

Por outro lado, são já inúmeros os exemplos de libaneses a trabalharem no estrangeiro que estão de forma organizada a canalizar ajuda pessoal para o Líbano.

Em termos institucionais, a Cruz Vermelha Libanesa, principal fornecedora de serviços de ambulâncias no Líbano, está a fazer um esforço de coordenação para ajudar todos os necessitados em Beirute. E conta com o suporte de várias organizações congéneres: para além da já referida Cruz Vermelha do Canadá, também a Cruz Vermelha britânica também criou um fundo de emergência para apoiar o Líbano.

Entretanto, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas está a desempenhar um papel central na cadeia de abastecimento em Beirute e a pedir donativos para permitir que mais alimentos cheguem ali. Do mesmo modo, a UNICEF, outra agência das Nações Unidas especializada em ajuda a crianças, está a fornecer medicamentos, vacinas e água potável a e também aceita donativos.

A organização não governamental Humanidade e Inclusão tem 100 trabalhadores no Líbano, entre fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais. O International Medical Corps está a implantar unidades médicas e fornecerá cuidados de saúde mental às pessoas afetadas pela explosão. A Islamic Relief , especializada em ajuda alimentar e resposta de emergência, está a ajudar a estabelecer uma cadeia de fornecimentos de emergência a Beirute. A Impact Lebanon, organização sem fins lucrativos, montou uma campanha de crowdfunding para ajudar as organizações locais que já arrecadou mais de três milhões de dólares e já doou os primeiros 100 mil à Cruz Vermelha Libanesa. A organização de saúde Project HOPE está a fazer chegar ao Líbano material médico e equipamentos de proteção. Todas estas organizações podem ser ajudadas com donativos, tendo para isso criado contas especiais.

E à medida que essa ajuda vai chegando, a Baytna Baytak, uma instituição de caridade que fornece morada gratuita a profissionais de saúde durante a pandemia de coronavírus, está agora a trabalhar com a Impact Lebanon para encontrar abrigo para os desalojados.

A lista está longe de ser exaustiva, mas dá uma imagem do esforço planetário que está a ser desenvolvido para fazer chegar ajuda ao Líbano e particularmente a Beirute – que, como não podia deixar de ser, junta agora uma crise política à crise económica e à crise humanitária com que os libaneses têm que lidar.

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