Luís Filipe Vieira já chegou ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) em Lisboa. No tribunal conhecido por ‘ticão’ o presidente do Benfica vai ser interrogado pelo juiz Carlos Alexandre no âmbito da operação ‘cartão vermelho’. O inquérito está a ser dirigido pelo procurador do Ministério Público (MP) Rosário Teixeira.
Vieira passou a noite no Comando Metropolitano de Lisboa, em Moscavide, de onde saiu pelas 14h14 desta quinta-feira, 8 de julho. Percorridos os 11 quilómetros, chegou ao ‘ticão’ pelas 14h29.
A operação de transferência de Luís Filipe Vieira foi feita com um grande aparato, com uma caravana de cinco automóveis (incluindo duas carrinhas) e quatro motos.
Além do dirigente desportivo, também chegaram ao ‘ticão’ na mesma comitiva Tiago Vieira, Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos (conhecido por ‘rei dos frangos’) foram detidos na quarta-feira e já foram constituído arguidos.
Em causa estão factos ocorridos, “essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”, segundo avançou o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) na quarta-feira.
A investigação está a ser dirigida pela Autoridade Tributária (AT) que analisa “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”, de acordo com o DCIAP.
Além do presidente do Benfica, também se encontram detidos o empresário José António dos Santos, conhecido por ‘rei dos frangos’, e o maior acionista privado da SAD benfiquista com 12% do capital, o empresário Bruno Macedo, e o filho do presidente benfiquista, Tiago Vieira, de acordo com a “TVI 24”.
Segundo o jornal “Nascer do Sol”, o presidente do Benfica é também suspeito do crime de abuso de confiança referente a ganhos milionários que obteve na venda de 25% do capital do Benfica SAD a um empresário estrangeiro. Esta investigação teve origem no processo Monte Branco, uma rede suíça de fraude fiscal e de branqueamento de capitais que operava em Portugal e foi desmantelada em 2011.
No âmbito deste inquérito foram cumpridos 45 mandados de busca, abrangendo instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária, com as buscas a terem lugar em áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga. Nas diligências foram detidas quatro pessoas, dois empresários, um agente desportivo e um dirigente desportivo, segundo o MP.
Na operação participaram 66 Inspetores Tributários, sendo 25 da Direção de Finanças de Braga, 8 da Direção de Finanças do Porto, 26 da Direção de Finanças de Lisboa e 2 da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), para além de 9 elementos do Núcleo de Informática Forense desta Direção. Participaram ainda 4 magistrados do Ministério Público, 3 Juízes de Instrução Criminal e 74 polícias da PSP, 9 dos quais a exercerem funções no DCIAP.
De acordo com a “RTP” e “Observador”, que citam o mandado de detenção do presidente ‘encarnado’, o Ministério Público suspeita que Luís Filipe Vieira terá desviado cerca de 2,5 milhões de euros do Benfica. A investigação liderada pelo procurador Rosário Teixeira sustenta o empresário de futebol Bruno Macedo e o presidente do clube da Luz combinaram que o empresário iria participar sempre nas transferências dos encarnados.
A investigação sustenta que este empresário alegadamente aumentava de forma indevida as comissões referentes à venda de jogadores para depois reverter os valores para empresas do universo de Luís Filipe Vieira. Na mira das autoridades estão as transferências de três jogadores: os paraguaios Derlis Gonzalez e Claudio Correa e o brasileiro César Martins.
O MP sustenta que a partir de várias empresas offshore criadas nos Estados Unidos da América, Emirados Árabes Unidos e Tunísia, controladas direta ou indiretamente por Bruno Macedo, permitiram transferir quase 2,5 milhões de euros para as sociedades do presidente do Benfica, de acordo com a “RTP”.
Os 2,5 milhões de euros, suspeita o MP, serviram para financiar o pagamento de créditos antigos de LFV, e para comprar terrenos da Inland e de outras empresas do grupo empresarial de Vieira. Este esquema teria a ajuda do empresário Bruno Macedo, do seu filho Tiago Vieira e de outros membros da família de Vieira, segundo o “Observador”.
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