A transição verde é incontornável. Não apenas para garantir um futuro sustentável, mas para garantir um futuro. No entanto, as revelações no âmbito da Operação Influencer e as suspeitas em torno de projetos específicos feitos em nome desta necessidade de transição, alegações de legislação feita à medida para atender a interesses específicos, possíveis pressões para amenizar avaliações de impacto ambiental e todo um conjunto de suspeitas alarmantes, tornaram aquela que devia ser uma transição verde numa verdadeira zona cinzenta.

A transição verde deve ser mais do que uma mudança de paradigma energético, deve ser transparente e ética. E é por isso que desde cedo o PAN tem alertado para a necessidade de garantir mecanismos de transparência e escrutínio seja no âmbito do Plano Nacional do Hidrogénio seja em qualquer projeto.

Contudo, não é o que temos assistido. O que temos é um ambiente com costas muito largas e que em seu nome se desenvolvem processos opacos, se destroem milhares de sobreiros, que se dispensam avaliações de impacte ambiental a ainda mais projetos e se agiliza a artificialização dos solos, sob o jugo de um “simplex ambiental”, que de ambiental tem pouco e de ecocídio tem muito.

Com isto não queremos, muito pelo contrário, impedir a urgente transição energética. O que queremos dizer é que transição sim, mas não a todo o custo. Transição sim, com apoios ao autoconsumo de energia a partir de fontes renováveis e expandir e investir nas comunidades de energia e energia solidária renovável, como o PAN fez com a medida “Sol para todos”.

Transição sim, com uma verdadeira aposta nos transportes públicos e incentivos à sua utilização, com passes gratuitos para todos os jovens e incentivos e criação de condições para a mobilidade ciclável e pedonal.

Transição sim, mas com credibilidade e transparência. Por isso, o PAN considera imperativo garantir a suspensão dos processos de avaliação de impacto ambiental e licenciamento dos projetos sob suspeita (como o GreenH2Atlantic e o Data Center Sines 4.0), assim como a suspensão de pagamentos e concursos relacionados à produção de hidrogénio verde dentro do Plano Nacional do Hidrogénio, bem como a suspensão da vigência do contrato de concessão de exploração da mina do Barroso e todos os processos de licenciamento ambiental pendentes.

A verdadeira transição verde não pode ser feita com opacidade. A transparência é o pilar fundamental para uma mudança ecológica autêntica. É hora de garantir que cada passo em direção a um futuro mais verde seja dado com integridade, responsabilidade e prestação de contas e saber que o que está na sua base é a garantia do futuro do planeta e não a garantia do status quo e dos interesses privados e não do bem comum. Este caso é um exemplo de puro greenwashing, não serve a proteção da natureza e os interesses que serve são de todas as cores, menos verde.