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Lava Jato: Interpol prende em Itália advogado luso-brasileiro responsável pela lavagem de dinheiro

Leonardo Muniz de Almeida foi preso pela Interpol e deverá ser extraditado para o Brasil, onde poderá ter uma pena de prisão superior a 20 anos. O luso-brasileiro era advogado de Raul Schimidt Felippe, que foi preso em Portugal em 2016.
1 Março 2019, 12h01

O Ministério Público Federal do Paraná expediu um mandado de captura por Leonardo José Muniz de Almeida, a pedido da operação Lava Jato e a Interpol cumpriu o mandado e encontrou o advogado luso-brasileiro em Itália.

Com a captura já realizada, as autoridades italianas e brasileiras devem iniciar, durante os próximos dias, os procedimentos para a extradição de Leonardo Muniz de Almeida para o Brasil. Caso seja extraditado, deverá responder pelos crimes de associação a organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro transnacional. Se for condenado por estes crimes, pode receber mais de 20 anos de pena de prisão.

Muniz de Almeida foi o principal responsável pela lavagem de dinheiro nos crimes praticado por Raul Schimidt Felippe contra a Petrobras. A lavagem ocorreu por intermédio do ‘The Lake Trust’, uma empresa criada na Nova Zelândia com o propósito de posteriormente adquirir imóveis em Lisboa para proveito de Schimidt Felippe, embora fossem registados em nome da empresa neozelandesa.

A investigação que levou às detenções relacionadas com o Lava Jato começaram com a cooperação jurídica de Portugal e com a comunicação das autoridades da Nova Zelândia. As autoridades do hemisfério sul revelaram suspeitas sobre a aquisição dos dois apartamentos quando estes foram usados por Raul Schimidt Felippe durante a sua fuga para Portugal, sendo que a empresa tinha Muniz de Almeida como procurador.

Segundo as autoridades neozelandesas, os dois imóveis localizavam-se no número 9 da Rua de São Mamede, em pleno ‘coração’ de Lisboa. O primeiro apartamento foi comprado a 17 de maio de 2015 por dois milhões de euros, e foi registado no nome de Lake Holdings Limited. O segundo imóvel era uma loja no mesmo endereço, tendo sido adquirido por um milhão e vinte e cinco mil euros, registado em nome de Likos Holdings Limited.

Os recursos financeiros usados nos negócios foram provenientes de contas ocultas em nome de empresas offshore controlados por Schmidt Felippe a partir do exterior. As contas eram abastecidas com valores de propinas recebidas através de contratos da empresa norueguesa Sevan com a Petrobras.

De acordo com o Ministério Público, que expediu o mandado de busca, existem fortes evidências de que o proprietário efetivo dos imóveis era Schimidt Felippe, que se barricou num dos imóveis a março de 2016. A aquisição destes imóveis em nome das holdings constituiu uma forma de ocultar a verdadeira identidade do beneficiário dos imóveis, que foram adquiridos de forma criminosa.

No pedido de prisão indicava que Leonardo Muniz de Almeida emprestava o seu nome e as contas para outras movimentações financeiras de Raul Schimidt Felippe e dos seus familiares. Durante as buscas e a apreensão realizada em Lisboa, foram encontrados dois talões de levantamento do Banco BPI, da conta de Muniz de Almeida, com valores que ascendiam mais de 23 mil euros. Apesar dos talões apresentarem o nome da mais recente detenção, a conta de onde eram movimentos os valores pertenciam a Schimidt Felippe. Os investigadores desta operação indicam que Leonardo Muniz de Almeida atuaca com Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional da Petrobras.

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