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Operação Marquês: Pais do Amaral suspeito de desviar dois milhões em benefício pessoal

O processo consta num dos 15 inquéritos-crime autónomos da Operação Marquês, que indica que o empresário terá pago de milhões de euros a Carlos Santos Silva, amigo e alegado testa de ferro do ex-primeiro-ministro José Sócrates.
19 Novembro 2017, 11h14

O presidente do Conselho de Administração do grupo de comunicação Media Capital, Miguel Pais do Amaral, vai ser investigado pelo Ministério Público por suspeitas de desvio de dois milhões de euros das suas empresas para benefício pessoal. O processo consta num dos 15 inquéritos-crime autónomos da Operação Marquês, que indica que o empresário terá pago de milhões de euros a Carlos Santos Silva, amigo e alegado testa de ferro do ex-primeiro-ministro José Sócrates, avança o jornal ‘Público’.

Em causa está a compra dos direitos de transmissão televisivos da Liga de futebol espanhola em dezembro de 2010. A sociedade Worldcom Comunicações, Lda, em que estavam envolvidos a mulher e o irmão do antigo administrador da PT, Rui Pedro Soares – absolvido no processo Taguspark –, compra por 2,5 milhões de euros os direitos de transmissão televisivos da Liga de futebol espanhola e da Taça do Rei a uma empresa espanhola.

É então que o empresário Carlos Santos Silva compra a Worlcom, menos de um mês depois, através de uma sociedade anónima Walton Group. No contrato de compra, Carlos Santos Silva paga a totalidade dos direitos televisivos em duas tranches. Menos de duas semanas após ter acabado de pagar os tais direitos televisivos, os sócios da Worlcom e da Walton Group vendem as quotas que tinham na empresa a uma sociedade que tinha como gerente Miguel Pais do Amaral, a holding Patrouge, por seis milhões de euros.

A primeira parcela do dinheiro, quase 2,7 milhões de euros, é feita a 23 de maio para a conta pessoal de Carlos Santos Silva. O restante montante em dívida não terá chegado a ser pago, tendo o processo sido arrastado para os tribunais, onde Miguel Pais do Amaral terá vencido. A 23 de maio regista-se, no entanto, uma nova transação de dois milhões de euros para a sociedade detida por Carlos Santos Silva, que o Ministério Público acredita ter sido feita para “compensar o facto de os representantes daquela sociedade o terem apresentado aos restantes sócios da empresa que comprara os direitos televisivos, o que lhe tinha permitido comprar a tal Worldcom”, explica o jornal ‘Público’.

No entanto, o dinheiro não chega a ser depositado nas contas da Walton Group. O cheque é assinado em nome da sociedade anónima Alfacompetição, que é representada por Miguel Pais do Amaral. O Ministério Público acredita que tudo não passou de um esquema para Pais do Amaral conseguir desviar dois milhões de euros “sem qualquer manifesto fiscal”.

“As referidas operações e documentos foram realizados e elaborados para ocultar o verdadeiro destinatário dos montantes em causa”, afirma o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) no despacho de acusação.

Ainda no mesmo dia, 23 de maio, Miguel Pais do Amaral faz uma declaração a confessar uma dívida de 250 mil euros à RMF Consulting, Lda, uma empresa da confiança de Carlos Santos Silva. “Indicia-se que o referido montante de 250 mil euros mais não é que uma retribuição paga por Miguel Pais do Amaral a Carlos Santos Silva, a qual não foi declarada em sede fiscal”, considera o DCIAP.

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