[weglot_switcher]

Operação “Terapia”: PJ faz buscas e detenções em clínicas suspeitas de fraude e propagação da Covid-19

No decurso desta operação já foram detidas cinco pessoas, todas “profissionais com ligação ao ramo da saúde”. Em causa estão os crimes de corrupção ativa e passiva, burla qualificada, falsificação de documento e propagação de doença. Na mira da PJ está um esquema fraudulento de prestação de tratamentos não comparticipados de ozonoterapias em clínicas que também fazem análises para deteção de infeção por SARS-Cov-2, sem para tal estarem licenciadas ou reunirem as condições necessárias, designadamente de direção clínica.
16 Julho 2020, 15h32

A Polícia Judiciária (PJ), em estreita colaboração com o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos, está a realizar uma ação policial – apelidada de ‘Operação Terapia’ – de “buscas e apreensões em clínicas médicas, domicílios e sedes de empresas”. Foram já detidos cinco suspeitos: dois homens, de 35 e 57 anos, e três mulheres, de 32, 59 e 62. Segundo a PJ, “todos profissionais com ligação ao ramo da saúde”, pelos crimes de corrupção ativa e passiva, burla qualificada, falsificação de documento e propagação de doença, designadamente, da Covid-19.

“A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, em estreita colaboração com o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos, está a realizar uma operação policial de buscas e apreensões em clínicas médicas, domicílios e sedes de empresas, bem como a dar cumprimento a vários mandados de detenção, relacionadas com factos suscetíveis de enquadrar, em abstrato, os crimes de corrupção ativa e passiva, burla qualificada, falsificação de documento e propagação de doença”, avançou nesta quinta-feira, 16 de julho, a PJ em comunicado.

Em causa está “um esquema fraudulento de prestação de tratamentos não comparticipados, sobretudo, pelo Instituto de Proteção e Assistência na Doença (ADSE)”, revela a PJ, dando conta de que “pelo facto de serem faturados atos diferentes daqueles que são realizados, os subsistemas procedem aos pedidos de reembolsos apresentados pelos seus beneficiários”.

Segundo a PJ, os atos em investigação relacionam-se com a realização de ozonoterapias, que, por sua vez, não são comparticipadas pelos subsistemas de saúde, pois não existe qualquer convenção ou protocolo entre a ADSE e as ditas clínicas. Mais. As terapias são realizadas por profissionais que não estão devidamente habilitados.

“Existem indícios de que os suspeitos recorrem ainda a práticas pouco esclarecedoras, convencendo os utentes de que a ozonoterapia se mostra eficaz no tratamento do Covid-19 ou de que permite ganhar imunidade, explorando a fragilidade e vulnerabilidade de pessoas receosas do vírus ou mesmo infetadas, sabendo os suspeitos que com a prática destes atos podem contribuir para a propagação de doença contagiosa, criando perigo para a vida ou perigo grave para a integridade física das vítimas e de terceiros”, precisou a PJ.

Nestas clínicas realizam-se ainda análises clínicas, designadamente para deteção de infeção por SARS-Cov-2, sem para tal estarem licenciadas ou reunirem as condições necessárias, designadamente de direção clínica.

Esta operação policial está a ser realizada por 50 elementos desta Polícia Judiciária, com a colaboração da Ordem dos Médicos, estando a dar cumprimento a vários mandados de busca e detenção, com a finalidade de recolher elementos de prova que consubstanciem os indícios já constantes do inquérito. As diligências estão a ser acompanhadas por um Procurador da República do DCIAP e por um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.