[weglot_switcher]

Ophiomics é a primeira empresa portuguesa a receber verbas do fundo do European Innovation Council

Ophiomics assegurou um investimento de um milhão de euros do fundo do European Innovation Council, no âmbito do programa-quadro Horizonte Europa, que é uma continuação do Horizonte 2020. Biotecnológica portuguesa é uma das 75 PME europeias mais “promissoras” para Bruxelas.
12 Junho 2021, 16h39

A Ophiomics foi a primeira empresa portuguesa a assegurar financiamento do novo fundo do European Innovation Council (EIC), criado no âmbito do Horizonte Europa, fez saber a Agência Nacional de Inovação (ANI). A verba angariada pela biotecnológica portuguesa ascende a um milhão de euros.

Em comunicado, a ANI adianta que a empresa desenvolve investigação em inteligência artificial e genómica. Com a verba angariada da Europa, a Ophiomics vai conseguir os custos das “validações normativa e clínica do projeto HepatoPredict”, tendo em vista a sua conclusão e lançamento no mercado já em 2022.

Em causa estão tecnologias desenvolvidas em Portugal pela biotecnológica – considerada ainda uma PME – que pretende “reduzir o número de vidas perdidas com cancro de fígado”. A Ophiomics quer contribuir para a deteção precoce do cancro do fígado, ajudando a “selecionar o tratamento mais adequado para cada doente e para reduzir o erro de compatibilidade em transplantes hepáticos”.

Para o presidente da Ophiomics, José Leal, o investimento assegurado “é outro passo para fazer do HepatoPredict um sucesso global, permitindo-nos potencialmente salvar milhares de vidas ao selecionar os pacientes de cancro do fígado adequados para transplante e ressecção”.

“[O financiamento conseguido] Vai apoiar o desenvolvimento contínuo do nosso portefólio de produtos de modo a desenvolver uma série A algures nos próximos 24 meses” acrescenta o gestor.

Segundo a Ophiomics, que anunciou a conquista a 9 de junho mas só esta sexta-feira a ANI divulgou o caso de sucesso, a incidência de cancro de fígado mais que triplicou nos últimos 40 anos. “É o quinto cancro mais comum em homens e o nono em mulheres”, sendo responsável pela morte de mais de 47 mil europeus anualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde.

“O carcinoma hepatocelular (CHC) é a malignidade primária do fígado (três em cada quatro cancros hepáticos são CHC). Normalmente é diagnosticado tarde, com uma taxa de sobrevida de apenas 10% em cinco anos”, lê-se no comunicado.

A Ophiomics, a par de outras duas empresas portuguesas (AddVolt e Smartex), já tinha sido selecionada pela Comissão Europeia para integrar uma lista de 75 “promissoras empresas em fase de arranque e PME”, em 2019. Nesse ano, a empresa assegurou uma subvenção europeia de 756 mil euros e um investimento em capital próprio de 3 milhões de euros, de um bolo total de mais de 278 milhões de euros da fase piloto do do Acelerador do Conselho Europeu de Inovação.

Um ano depois a biotecnológica nacional – a par de outras setes empresas portuguesas – foi selecionada por Bruxelas para (eventualmente) receber parte de um pacote total de 314 milhões de euros a distribuir por empresas consideradas inovadoras e que vão ser úteis tanto no combate à pandemia da Covid-19 como na recuperação económica da Europa.

O resultado foi conhecido no início deste mês. O financiamento europeu tem origem no recém-criado fundo do EIC, que está ligado ao programa-quadro Horizonte Europa, que é uma continuação do Horizonte 2020.

De acordo com a ANI, que em Portugal é a entidade que apoia as empresas nos concursos do fundo do EIC, Bruxelas dotou o novo fundo com 10 mil milhões de euros para apoiar empresas inovadoras “de topo” entre 2021 e 2027. O objetivo é ajudar “empreendedores, pequenas empresas e cientistas com ideias brilhantes, disruptivas e a ambição de escalar os seus negócios a nível mundial”.

O financiamento do EIC pode consistir em subvenções como em modelo equity. “Para Portugal, o EIC representa uma oportunidade de retenção de negócios deep tech de origem nacional, de atrair talento e mão de obra qualificada e de aumentar a exposição das PME de base tecnológica, bem como de todo o ecossistema nacional, a sistemas internacionais mais competitivos”, defende a ANI.

O EIC tem atualmente dois concursos a decorrer: Accelerator (candidaturas abertas em contínuo) e Pathfinder (segunda chamada termina a 27 de outubro).

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.