A revolução iniciada pelo povo sírio contra o governo de Bashar al-Assad continua, ao mesmo tempo que também continua o conflito no país, que marca uma década de existência, disse esta quarta-feira o co-presidente do Comité Constitucional da Síria, líder da oposição, Hadi al-Bahra numa conferência online organizada pelo Centro de Estudos Estratégicos do Médio Oriente (ORSAM), com sede em Ancara, Turquia.
“A revolução foi lançada com manifestações pacíficas. Houve esforços internacionais para pressionar o regime sírio a implementar reformas. A população civil também o exigiu. A Turquia e muitos países árabes também pediram a Bashar al-Assad que fizesse reformas. No entanto, o regime opôs-se a todas as propostas”, disse na conferência ‘O 10º aniversário da revolução síria’.
Referindo-se às medidas tomadas pelas Nações Unidas em abril de 2012 para a solução da crise síria, al-Bahra disse que o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, elaborou um plano de capítulos e fez esforços para implementá-lo, mas o regime rejeitou-o. E acrescentou que Annan acabou por renunciar ao cargo devido a essa rejeição.
Al-Bahra sublinhou que reuniu com o regime inúmeras vezes na Suíça, mas todas as reuniões falharam devido à postura intransigente do regime. Ao mesmo tempo, al-Assad, com a conivência da comunidade internacional, investiu nas Forças Armadas – o que permitia perceber quais eram as suas intenções.
“Aleppo foi tomada em 2016 e após isso, a Turquia interveio. Mas a comunidade internacional agiu de forma insuficiente na questão da Síria. A Rússia opôs-se a uma mudança de regime. Um passo importante foi o processo de Astana e a Conferência de Sochi – na qual o Comité foi proposto à ONU. Demorou um ano e meio e não aconteceu da forma programada”, referiu.
O processo de Astana foi iniciado pela Turquia, Irão e Rússia para reunir os beligerantes e encontrar uma solução permanente para a guerra de 10 anos. A agenda principal cobre o sistema constitucional, a transição política, a segurança e o regresso dos refugiados. A primeira reunião do processo Astana foi na Turquia em janeiro de 2017.
Ahmed Tuma, o representante da oposição militar síria, também presente na conferência, disse por seu turno que o processo de Astana e o cessar-fogo inaugurou um novo período: “Com o cessar-fogo, ocorreram desenvolvimentos muito importantes nos últimos anos. A vida social em áreas onde o cessar-fogo está válido começou a normalizar”.
Uma resolução da ONU adotada em dezembro de 2015 aprovou por unanimidade uma estratégia para a paz na Síria anteriormente aprovada em Genebra em 30 de junho de 2012, por representantes da ONU, Liga Árabe, União Europeia, Turquia e todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido). A resolução apela ao estabelecimento de um governo de transição, seguido pela elaboração de uma nova constituição e terminando com eleições supervisionadas pela ONU. Mas nada disso foi implementado no terreno.
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