Apesar de estar longe de ser uma tecnologia da próxima geração, a Inteligência Artificial (IA) – e a sua subárea de “Aprendizagem da Máquina” – manter-se-á em implementação por parte das organizações portuguesas. Até porque, segundo o estudo “Inteligência Artificial na Europa”, elaborado pela EY para a Microsoft, 82% das empresas nacionais preveem a entrada em fase piloto ou o lançamento de iniciativas de IA na sua dinâmica de trabalho. Enquanto país, Portugal também levou um ‘empurrão’ para inovar. A Comissão Europeia alertou que, até meados de 2019, todos os Estados-membros devem dispor das suas próprias estratégias em matéria de níveis de investimento em IA e medidas de execução.
“Áreas como IA, IoT e customer experience estão a crescer, e durante 2019, iremos seguramente testemunhar o aparecimento e evolução de muitas outras. É importante ter em consideração que cada cliente é impactado de forma diferente por este processo de evolução, e que os avanços tecnológicos devem ser sustentados não só em infraestruturas, mas também nos talentos”, afirmou ao Jornal Económico o chairman e fundador da Noesis, Eduardo Vilaça. O empresário realça que, no caso específico da estrutura que dirige, a área de Business Intelligence “está a convergir para Data Analytics & IA”.
O relatório “O Estado da Tecnologia Europeia 2018”, da Atomico, revelou que o emprego na área tecnológica em Portugal teve um crescimento de 6,4% em Portugal este ano, fixando-se acima da média europeia. As estatísticas levam a crer que o panorama de empregabilidade se irá manter neste segmento de atividade no próximo ano, particularmente nas funções de project manager, comercial ERP, business analyst e programadores outsystems, front-end e full-stack, de acordo com o último guia de emprego e salário da Hays Portugal.
No entanto, a tecnologia terá o ‘anjo’ dos postos de trabalho num ombro e o ‘diabo’ do cibercrime no outro. A multinacional israelita Check Point acredita que, ao longo de 2019, seja expectável que se assista ao aumento da tomada ilegal de contas e tentativas de hacking, à medida que as empresas vão aumentando o uso de aplicações SaaS e de emails que tenham por base o armazenamento na ‘nuvem’ (incluindo o Office 365, GSuite e OneDrive).
“O Machine Learning e as técnicas de IA ajudam a identificação de novas ameaças e a resposta a estas, contribuindo para a anulação de novas ameaças, antes que estas se alastrem amplamente. No entanto, à medida que a tecnologia se torna cada vez mais comodotizada, também se torna mais disponível, o que significa que os cibercriminosos vão começar a tirar partido destas técnicas”, refere a empresa de cibersegurança. O desenvolvimento destas tecnologias poderá ainda ajudar os hackers a “sondar as redes, encontrar vulnerabilidades e assim desenvolver malware mais evasivo e que tenha maior chance de contornar a sua deteção”.
A evolução sentir-se-á também nas telecomunicações, tendo em conta que a Anacom já definiu o roteiro abraçar a quinta geração móvel. A libertação da faixa dos 700 MHz deve começar no último trimestre de 2019.
Ao nível dos sistemas de pagamentos, Portugal deverá absorver as mudanças regulatórias estabelecidas pela diretiva PSD2, transporta para o quadro legal nacional há cerca de um mês, 11 meses depois do previsto. Assim, antecipa-se a entrada de novos operadores de serviços de pagamentos [AISP e PISP]. Até a portuguesa SIBS preparou novidades para lançar em março do próximo ano, inclusive a funcionalidade “Utilizar o Multibanco”, que irá permitir que os utilizadores acedam a todas as operações que fazem nas caixas automáticas (pagamento de serviços, consultas de saldo de conta, etc.) sem terem de recorrer a um cartão bancário (pelo menos, um real). Bastará carregar na tecla verde e escolher a opção “Utilizar o Multibanco”. No ecrã irá surgir um código QR, que se poderá ler através de um smartphone. Resta saber se mais bancos irão aderir à nova joia da coroa da ‘dona’ do Multibanco.
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