Existe uma forte pressão para o aumento dos gastos, tanto pelo aumento da esperança de vida como pela complexidade das doenças e consequente aumento dos custos associados ao tratamento das mesmas. Quais as principais tendências deste setor? Podem estas tendências contribuir para a sua sustentabilidade?

O setor da saúde tem vindo a centrar-se mais no paciente, na medicina de precisão, bem como no enfoque na prevenção e na promoção de saúde. Os pacientes têm acesso a mais informação e são cada vez mais participativos no seu diagnóstico. Os modelos de financiamento tendem a evoluir para modelos de value based care, onde a remuneração deixa de ter em conta apenas a atividade e passa a considerar outcomes de saúde. A evolução tecnológica tem estado na base destas principais tendências do setor, o Big Data, o crescente número de wearables e o uso de inteligência artificial terão um papel preponderante nos próximos anos no auxílio ao diagnóstico, na monitorização de doenças crónicas e na prevenção. Estas tecnologias, aliadas à descodificação do genoma humano, trarão também a possibilidade de se criarem modelos preditivos que conseguirão auxiliar na prevenção e tratamento. Os modelos de negócio também evoluem para modelos digitais, como exemplo a telemedicina que permite reduzir custos de deslocação desnecessários.

As principais tendências do setor, estando direcionadas para a prevenção e melhoria do tratamento, criam impactos de redução de custos (por promoção de saúde e tratamentos com mais qualidade e mais atempados). No entanto, para que se consiga alcançar a sustentabilidade é necessário envolver todos os agentes do setor e criar os mecanismos que permitam potenciar estas tendências que apontam para ganhos de eficiência e garantia de qualidade. Para tal, é necessária uma reforma do Sistema Nacional de Saúde, em toda a sua rede de cuidados, desde os cuidados primários aos cuidados hospitalares e aos cuidados continuados que potencie todos os ganhos que podem ser alcançados com a ajuda da evolução da tecnologia, mas que a evolução tecnológica, por si só, não consegue alcançar.