A história económica e financeira é a aliada perfeita de qualquer investidor na hora de tomar uma decisão ou desenhar uma estratégia. Os bons juízos e os erros cometidos durante os piores e os melhores períodos económicos ao longos dos anos funcionam como importantes benchmarks e case studies.

O problema é que atualmente o ritmo de mudança dos contextos políticos, económicos e sociais é bastante maior, e esta instabilidade acaba por criar desafios aos investidores. Os últimos seis meses têm exposto dois erros bastante comuns entre os investidores.

Análise incorreta dos números

O primeiro erro diz respeito à forma como as pessoas analisam e interpretam os números que posteriormente servem de base às suas decisões de investimento e de negócio. A matemática é uma ciência exata, mas as contas têm de ser feitas com base em variáveis que muitas vezes não são contabilizadas. Ora, a maior parte dos investidores não faz qualquer distinção entre entre retorno aritmético e retorno geométrico, mas os investimentos podem ser prejudicados por omissão destes dois conceitos.

O retorno aritmético é calculado através da média dos ganhos registados nos períodos em análise. É mais simples e pode ser utilizado em investimentos de baixo risco. No entanto, se o objetivo for calcular rendimentos provenientes de fundos de investimento, onde pode haver rendibilidades negativas, o retorno aritmético já não deve ser utilizado. Porquê? Porque um ganho negativo pode ser facilmente ignorado por vários ganhos positivos.

O retorno geométrico é calculado com base nos ganhos reais que um determinado investimento pode dar, e tem em conta as percentagens negativas. A incorreta aplicação dos conceitos de progressão aritmética e progressão geométrica pode comprometer significativamente toda a analítica. Existem casos em que a média aritmética é positiva, mas o retorno para os investidores é negativo.

As emoções falam mais alto

O cálculo do risco é algo inerente aos investimentos. Apesar de todos os indicadores, regras, históricos e previsões, quando soa um “alarme” a tendência segue muitas vezes dois caminhos: o “salve-se quem puder” e o “follow the leader”.

A aversão ao risco e a pressão associada à apresentação de resultados positivos levam muitos investidores a agir impulsivamente, e a deixar que a emoção se sobreponha ao lado racional. No mercado de ações é muito difícil superar o desejo de vender quando soa um destes “alarmes”. Mas como é que podemos tirar a emoção da equação? Seguindo uma política de reequilíbrio. Determine que percentagem do seu investimento quer alocar a determinada área e aproveite os ganhos para investir em ativos que registaram um desempenho inferior. É basicamente aplicar a velha máxima do comércio – comprar barato, vender caro – ao universo dos investimentos.

A instabilidade dos mercados é constante, pelo que o risco é também permanente. Mas o mercado diz aos investidores tudo o que eles precisam saber, só têm que ouvir e fazer as perguntas certas.