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Os riscos para a economia mundial identificados pelo FMI

Fundo Monetário Internacional cortou as projeções para a economia mundial para este ano e o próximo, destacando que o mundo vive um “desacelerar sincronizado”.
Bogdan Cristel/Reuters
16 Outubro 2019, 07h48

Conflitos comerciais, incerteza geopolítica, tensão macroeconómica em vários mercados emergentes e fatores estruturais, como o baixo crescimento da produtividade e envelhecimento demográfico em economias avançadas, são os principais riscos que estão a pressionar a economia mundial, segundo o relatório “World Economic Outlook”, publicado ontem pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Os riscos em torno das previsões da linha de base permanecem descendentes, embora a recente flexibilização da política monetária em muitos países possa aumentar a procura mais do que o projetado, especialmente se as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China diminuírem e um Brexit sem acordo for evitado, os riscos negativos parecem dominar as perspectivas”, explica o FMI.

A instituição de Bretton Woods estima uma expansão global de 3% este ano e de 3,4%, menos duas décimas e uma décima do que no relatório publicado em julho. O FMI destaca ainda que a previsão mundial “é baseada no crescimento constante e contínuo de várias economias emergentes que devem manter um desempenho relativamente saudável, mesmo quando o crescimento for moderado nos Estados Unidos e na China”.

O “World Economic Outlook” publicado na terça-feira pelo FMI identifica assim os principais riscos para a economia global:

Travagem na China

A instituição liderada por Georgieva antecipa uma desaceleração do crescimento para 6,1% e 5,8% este ano e no próximo na China, menos uma e duas décimas abaixo do relatório projetado em julho.

“O crescimento também enfraqueceu na China, onde os esforços regulatórios necessários para conter a dívida e as consequências macroeconómicas do aumento das tensões comerciais afetaram a procura agregada. Prevê-se que o crescimento continue a diminuir gradualmente nos próximos anos, refletindo um declínio no crescimento da população em idade ativa e uma convergência gradual no rendimento per capita”, realçou o FMI.

Tensões comerciais e Brexit

O FMI sublinha que as tensões comerciais aumentaram nos últimos meses, com impacto para a economia mundial. “Desde a primavera, os mercados financeiros têm sido afetados pelas crescentes taxas alfandegárias dos EUA para todas as importações da China, restrições impostas pelos Estados Unidos ao comércio com empresas de tecnologia chinesas e maior risco de um Brexit sem acordo”, identificou.

Mercados emergentes

Já os mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento deverão ter uma expansão de 3,9% em 2019, acelerando para 4,6% em 2020. “As previsões para 2019 e 2020 são 0,5 p.p. e 0,2 p.p. mais baixos, respectivamente, do que em abril, refletindo revisões em baixa nas principais regiões, exceto na Europa emergente e em desenvolvimento”, explica o FMI.

Abrandamento na Alemanha e zona euro

As perpetivas de crescimento da zona euro foram atualizadas em baixa pelo FMI, devido ao “crescimento mais fraco da procura externa” e a redução de stocks devido a uma “fraca produção industrial”, em particular na Alemanha. A instituição liderada agora por Kristalina Georgieva antecipa que a região da moeda única cresça 1,2% este ano, face aos 1,3% projetados em junho, pressionada pelas travagens da economia alemã.

A procura externa pode recuperar no próximo ano na zona euro porque alguns fatores temporários que estão a afetar o crescimento – como as novas regras de emissões que afetam a produção de carros na Alemanha – deverão “continuar a desaparecer”. Mas mesmo que tal aconteça o ritmo de recuperação será apenas “modesto”, indica o relatório.

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