São satélites europeus e ameaçam tirar o lugar à Starlink de Elon Musk nos céus da Ucrânia. Os satélites OneWeb da franco-britânica Eutelsat podem vir a fornecer internet no país do leste europeu.
A companhia está em negociações com a Comissão Europeia o que provocou um disparo de mais de 370% nas últimas cinco sessões para 5,84 euros, valendo agora 2,55 mil milhões de euros na bolsa de Paris.
O disparo nas ações da empresa sediada em Paris acontece depois dos momentos de grande tensão na Casa Branca entre o presidente Donald Trump e o presidente Volodymyr Zelenskiy.
O tratamento a que o presidente ucraniano foi sujeito levou muitos a questionar o futuro da Starlink na Ucrânia. Em fevereiro, foi noticiado que o Governo norte-americano ameaçava deixar cair a Starlink no país caso Kiev não aceitasse ceder os seus minerais críticos aos EUA, em troca da ajuda na guerra contra a Rússia.
Os EUA anunciaram recentemente que iriam pausar toda a ajuda militar à Ucrânia, apontando que tinha chegado o momento da Europa avançar.
“Estamos a conversar com a UE para saber como podemos contribuir para os esforços na Ucrânia”, disse fonte oficial da empresa à “Reuters” esta semana. “Fornecemos e continuamos a operar centenas de terminais na Ucrânia e no Mar Negro”.
A Starlink conta com sete mil satélites que fornecem internet em 125 países.
A Eutelsat fundiu-se com os britânicos da OneWeb em 2023 e gere atualmente uma constelação de 650 satélites de baixa órbita (LEO) que fornecem internet a vários clientes empresariais.
Tem a segunda maior constelação mundial de LEO após a Starlink, apesar de ter menos de um décimo do tamanho da empresa de Elon Musk e garante que consegue oferecer o mesmo serviço que a Starlink na Europa.
O operador móvel ucraniano Kyivstar disse em 2024 estar a testar a tecnologia da OneWeb.
“Estamos a colaborar ativamente com as instituições europeias e parceiros para permitir o desenvolvimento rápido de missões críticas e infraestruturas”, segundo a empresa.
Segundo Stephane Beyazian, analista da Oddo BHF, as “tensões EUA-Europa colocam as vendas da Starlink em risco na Europa e a OneWeb é a única outra opção na baixa órbita”.
A forte concorrência norte-americana ensombrava a empresa europeia, mas este pode ser o momento de levantar voo, com o analista Jan Frederik Slijkerman da ING a apontar a “importância” da empresa para as “capacidades de defesa” da Europa. “Esperamos que os clientes a procurar ligações de satélite giram os riscos relacionados com fornecedores individuais, razão pela qual podem vir a procura por fornecedores adicionais”.
Tudo mudou rapidamente para a empresa. Em janeiro, a Moody’s cortava o seu rating para ainda mais território de ‘lixo’ com a sub-performance de um dos seus tipos de satélite e a pressão sobre o cash flow dada a necessidade de investimento.
Em Itália, está em conversações com o Governo para providenciar um sistema seguro de comunicações, apesar de alguns no Governo de Giorgia Meloni preferirem o Starlink.
As ações da empresa também estão a ser beneficiadas pela aposta por parte de pequenos investidores, “a versão francesa do efeito Gamestop”, segundo os analistas da Kepler Cheuvreux, recordando a empresa norte-americana que teve um rally em 2021 depois do influencer Keith Gill ter apostado na cotada, o que gerou uma corrida pelos pequenos investidores.
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