O segundo semestre de 2019 pode trazer boas surpresas no que se refere às movimentações das principais economias internacionais. O cenário de recessão parece afastado e, ainda que se preveja algum abrandamento económico, a alteração do discurso dos principais bancos centrais a defenderem o regresso dos estímulos monetários e de novos cortes de taxas de juro é um sinal positivo.

O ciclo eleitoral nos Estados Unidos da América poderá também desempenhar um papel importante, na medida em que uma das promessas eleitorais da atual administração (ainda por cumprir) e suscetível de garantir fortes apoios junto do eleitor norte-americano passa pelo lançamento de um programa de infraestruturas à escala federal, à semelhança do que a China já está a fazer.

Numa altura em que os mercados estão preocupados com a ausência da inflação, a surpresa pode vir por uma normalização a níveis mais elevados, à boleia de preços das matérias-primas mais altos. No que respeita à classe de ativos, os últimos seis meses do ano poderão continuar a favorecer o segmento acionista e não é de excluir a possibilidade de assistir a um segundo semestre algo “exuberante”.

Num ambiente de mais inflação, é expectável uma recuperação do segmento das matérias-primas em geral e a continuação do bom desempenho do complexo dos metais preciosos, onde as boas empresas dedicadas à sua exploração constituem boas oportunidades.

O principal risco consiste no mismatch entre as expectativas do mercado e o que a Fed pode na realidade “entregar” no que se refere ao rumo da política monetária (descidas nas taxas de juro). Convém não esquecer o início deste ano, quando Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, protagonizou uma das mais importantes mudanças de discurso na história deste banco central.

De registar em particular o sucesso do universo das mineiras relacionadas com os metais preciosos. A vaga acomodatícia que está a varrer a política monetária dos principais bancos centrais do planeta contribui sobremaneira para deprimir o nível das taxas de juro reais – precisamente o cenário em que o ouro mais brilha! Além de um ambiente macro favorável, a aceleração da tendência para ocorrerem operações de M&A no sector robustecem a convicção no upside adicional desta posição.

Face a um cenário cada vez mais desafiante, é de manter a atenção face às small caps americanas, que têm exibido uma underperformance assinalável face ao S&P500. A agenda política de Donald Trump, mais concretamente o seu plano de infraestruturas, aliada à resolução – ainda que temporária – do “Trade War”, podem constituir catalisadores determinantes para que esta classe de ativos recupere território perdido.