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Como os ‘traders’ olham para a vitória de Trump

Volatilidade no curto prazo. Setores da energia, minérios e defesa e armamento podem vir a beneficiar.
9 Novembro 2016, 10h59

Mercados reagiram com fortes quedas à vitória de Donald Trump, mas o discurso de vitória do candidato ajudou a atenuar as perdas. O polémico candidato prometeu ser o “presidente de todos os americanos” e implementar políticas para relançar o crescimento da economia. O Jornal económico foi saber o que esperam os analistas.

No curto prazo:

Rui Bárbara, gestor de ativos do Banco Carregosa, explica que “os mercados reagem mal a surpresas, e a vitória de Trump foi uma enorme surpresa. Depois, Donald Trump é a personificação da incerteza, ou seja, tudo aquilo que os investidores não gostam. Por ser imprevisível, o meu espanto é a queda dos mercados não ser ainda maior. Mas há quem espere (e deseje) que Donald Trump se rodeie agora de bons assessores e se torne mais moderado, mais próximo do status-quo….”

Steven Santos, gestor do Banco Big afirma que”as aberturas em baixa foram como se esperava, embora o mercado esteja a atenuar as quedas e até proporcionaram bons pontos de entrada. O Nasdaq acaba por ser mais afetado devido a um maior Beta. Na Europa o Ibex pode ser mais penalizado devido às relações comerciais que muitas cotadas têm com países da América Latina, nomeadamente o México”.

Henrique dias, analista do XTB, afirma que “a vitória de Donald Trump veio trazer bastante volatilidade aos mercados, os investidores optaram por encerrar grande parte das suas posições com o receio em torno das medidas que Trump possa vir a adotar. Aumento de volatilidade que se poderá estender a índices e pares cambiais.”

De acordo com a AllianzGi, “até as políticas de Trump serem conhecidas, a sua retórica sobre o comércio, imigração e cooperação internacional vão por em perigo o crescimento económico dos EUA e global”. Reforça a AllianzGi que, “os mercados dos EUA devem entrar num ambiente de risco marcado por maior volatilidade e mais procura por ouro e títulos do Tesouro; os títulos hospitalares podem ser fortemente afetados”.

Pedro Lino, da Dif Broker, explica que a atenuação das perdas deve-se ao facto de o “discurso de Trump, após a vitória nas eleições, ter sido mais conciliador e completamente diferente.” O analista refere ainda a importância de Trump ter “reiterado a ambição de de duplicar o crescimento económico dos Estados Unidos.”

Quem beneficia:

Steven Santos, acredita que “os setores da defesa e armamento podem beneficiar devido à política externa mais musculada que Donald Trump disse querer seguir. Também o setor dos minérios e da energia podem vir a beneficiar”.

Já Henrique dias, analista do XTB, afirma que “Os investidores poderão desfazer-se de posições em ações, optando por ativos de refúgio como o ouro,as T-notes ou as Bunds.Poderá haver setores que beneficiem, como a energia, os minérios e o armamento.”

Diz a AllianzGi, que “os títulos europeus podem, ironicamente, tornar-se um bastião de estabilidade, quando comparados com os EUA, no curto prazo, espera-se um ambiente de risco no fixed-income, taxas de rentabilidade mais baixas e uma curva mais plana.”

Os analistas do BPI Investimento esperam que, “durante a sessão americana, se assista à overperformance dos sectores petrolífero e de defesa e uma underperformance das empresas de energias renováveis de serviços de saúde.” Esperam ainda uma”subida das obrigações americanas (descida das yields), a subida das Bunds alemãs, o que deverá implicar um aumento do spread entre as yields alemãs e as periféricas”

O mercado de câmbios:

A Ebury considera que, “uma vitória de Trump traz, sem dúvida, um aumento expressivo de volatilidade no mercado cambial, juntamente com uma depreciação significante nas divisas dos mercados emergentes.”

Steven Santos refere que “o peso mexicano teve a quarta maior queda de sempre, e espera-se que o BCE tenha uma reação ainda esta tarde.”

O Banco Big, considera que “a vitória de Trump poderá retirar pressão ao FED em subir a taxa de referência em Dezembro, o que também acabaria por gerar alguma debilidade para o dólar em relação a um basket variado de divisas internacionais.

 

 

 

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