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Os Transportes na Madeira

A liberalização da rota da Madeira falhou! E falhou pelo simples facto da rota da Madeira não ter dimensão para poder funcionar de forma liberalizada ao ponto das forças do mercado e da concorrência funcionarem.
9 Julho 2018, 07h15

Esta semana, o tema dos transportes é absolutamente incontornável com a retoma das ligações a Portimão / Arquipélago das Canárias e o caos que se vive na TAP/aeroportos portugueses. Vamos por partes. A retoma da ligação de ferry entre a Madeira, Portugal Continental e as Canárias era uma aspiração de uma facção da população madeirense que vê o ferry como um instrumento importante para o desenvolvimento da economia regional e constituía uma promessa antiga deste Governo Regional e que agora foi cumprida. É sempre de saudar quando um Governo entrega o que prometeu! É importante que esta ligação se mantenha, assegurada por privados, criando-se condições de sustentabilidade que permitam a dispensa do pagamento de indemnizações compensatórias (€ 3.000.000,00 anuais, numa operação de 3 meses de Verão, num total de 12 viagens).

Por outro lado, sobre o transporte aéreo, como madeirense, é com pena que vejo uma séria limitação à mobilidade e ao princípio da continuidade territorial decorrente das tarifas excessivas que são aplicadas e a autêntica implosão da TAP e o caos/ruptura dos nossos aeroportos. Qual a razão para as tarifas (excessivas) nas rotas Funchal/Lisboa e Funchal/Porto quando comparados com os demais destinos europeus ou norte-americanos da TAP? No mercado a TAP está inserida num mercado altamente concorrencial, partilhando o mercado com um conjunto muito alargado de companhias aéreas que competem entre si agressivamente num mercado aberto. Era este o efeito pretendido quando se liberalizou a rota da Madeira em Março de 2008, criar um mercado aberto, concorrencial, onde as companhias aéreas iriam competir entre si e os preços iriam baixar. Não obstante, não foi nada disto que aconteceu! A liberalização da rota da Madeira falhou! E falhou pelo simples facto da rota da Madeira não ter dimensão para poder funcionar de forma liberalizada ao ponto das forças do mercado e da concorrência funcionarem (e muito fácil um número limitado de operadores combinarem entre si o aumento dos preços para que todos ganhem).

Aqui chegados, urge reverter a liberalização e passar a rota da Madeira a uma rota de acesso restrito, lançando um concurso público internacional com tetos tarifários máximos. Só assim se poderá trabalhar construtivamente para uma solução que envolva tarifas razoáveis e uma verdadeira acessibilidade/continuidade territorial. No que diz respeito aos “cancelamentos operacionais”, assistimos a uma realidade verdadeiramente dramática em Portugal. Numa altura em que Portugal “está na moda”, a TAP lança novas e ambiciosas (tais como Bucareste, Abidjan na Costa do Marfim, Lomé no Togo) para depois não conseguir assegurar as rotas clássicas que já tem (cidades europeias e regiões autónomas, em especial a Madeira). É um exemplo clássico de “dar um passo maior que a perna” que lamento imenso e está a provocar danos potencialmente irreversíveis sob pena de quando estes problemas estiverem resolvidos, já tenhamos perdido a nossa oportunidade de captar e reter esta nova vaga de turismo que entretanto já foi procurar outras paragens.

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