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Ouro atinge novo máximo. Powell e Médio Oriente levam refúgio a subir

Depois de uma ligeira descida, as boas notícias provenientes da Reserva Federal norte-americana e a escalada do conflito no Médio Oriente levam o ouro a manter a rota ascendente.
ouro
Cerca de 49% do ouro português está noutros bancos centrais estrangeiros
26 Agosto 2024, 17h44

O ouro está de volta e atingiu um novo máximo histórico. O metal dourado está a negociar nos 2.557,50 dólares por onça, um novo valor máximo depois dos 2.531,70 dólares alcançados no passado dia 20 de agosto.

Tudo indica que o ouro deverá manter esta rota ascendente, especialmente depois de Jerome Powell piscar o olho à descida das taxas de juro a partir de setembro, seguindo o mesmo caminho que o Banco Central Europeu. De facto, este commodity está a observar um aumento do seu valor esta segunda-feira, na ordem dos 0,20%

“Os preços do ouro continuam a subir, atingindo máximos históricos impulsionados pelos recentes comentários do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell”, sustenta Oliver Stevens, gestor de produtos e expansão de mercado na Flow Community. “Os seus comentários [na sexta-feira] reforçaram as expectativas do mercado de um corte nas taxas de juro para setembro, o que normalmente aumenta a atratividade do metal precioso, reduzindo o custo de oportunidade de deter ativos não rentáveis, como é exemplo o ouro”, indica o mesmo analista.

Lembra Oliver Stevens que Powell deu a entender, no seu discurso no Simpósio de Jackson Hole, que a “Reserva Federal está pronta para ajustar a política monetária com base nos próximos dados económicos”, o que “apoiou a confiança do mercado” numa redução de 25 pontos base, ou mesmo de 50 pontos já na próxima reunião, que acontece em setembro.

“Além disso, as expectativas de uma redução total de 100 pontos base até ao final do ano estão a apoiar ainda mais os preços do ouro”, indica o gestor.

Oliver Stevens sustenta ainda a recente queda do dólar e dos rendimentos do Tesouro. A mesma opinião é partilhada por Samer Hasn, analista sénior na XS.com, que lembra ainda outros fatores, como a escalada do conflito no Médio Oriente.

“A recente queda do dólar e dos rendimentos do Tesouro, que atingiram os níveis mais baixos deste ano, também contribuíram para a subida dos preços do ouro. Qualquer descida adicional destes fatores poderá beneficiar ainda mais o ouro”, lê-se no comentário de análise de Stevens.

“Os ganhos do ouro vêm à medida que o dólar continua a enfraquecer e os rendimentos do Tesouro declinam com o elevado sentimento sobre múltiplos cortes nas taxas de juros este ano, especialmente após o discurso de Jerome Powell na sexta-feira”, concorda Hasn, explicando que a “escalada das tensões geopolíticas e a ausência de um horizonte de curto prazo para calma no Médio Oriente contribuem para alimentar o momento otimista” do ouro, considerado um porto seguro para investidores.

Explica Stevens que estas tensões, que têm escalado a cada semana, “estão a gerar um maior interesse no ouro como ativo de refúgio”, daí a sua valorização no último mês.

“Testemunhámos mais escalada sem precedentes na frente libanesa, entre o Hezbollah e Israel, em conjunto com o fracasso das negociações de cessar-fogo que ocorreram no Egito para chegar a um avanço, que é o que mantém o prémio de risco geopolítico a apoiar o ouro”, indica Samer Hasn. Sustenta que o próximo passo, depois da escalada no fim de semana, seja “uma guerra regional de larga escala”, apesar da possibilidade de uma escalada a nível internacional ainda seja possível.

Apesar de tudo, todos estes fatores, devem continuar a sustentar e apoiar uma subida do preço do ouro, uma vez que os investidores estão à procura de estabilidade por conta de “potenciais perturbações globais”, seja pela guerra no Médio Oriente ou mesmo por conta de todas as eleições a nível mundial, inclusivamente com as dos Estados Unidos.

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