O valor do ativo de refúgio subiu na sessão de ontem, após o presidente norte-americano criticar o presidente da Reserva Federal na segunda-feira, exigindo cortes nas taxas de juro.
“Pode haver um abrandamento da economia a não ser que o senhor ‘Tarde Demais’, um grande falhado, corte as taxas de juro agora”, escreveu o presidente dos EUA nas redes sociais, referindo-se a Jerome Powell.
Ricardo Evangelista, da ActivTrades Europe, destacou que o “apelo de valor-refúgio do metal precioso continua a atrair investidores inquietos com as políticas comerciais erráticas da administração norte-americana e, mais recentemente, com as tentativas de interferência na independência da Reserva Federal — incluindo a pressão para cortes imediatos nas taxas de juro e alegadas discussões sobre a possível substituição do presidente do banco central”.
“Um dos principais motivos pelos quais os ativos norte-americanos têm dominado os mercados financeiros globais nas últimas décadas é a perceção de estabilidade e boa governança. No entanto, os acontecimentos recentes começaram a desgastar essa reputação, levando a uma saída de capitais dos EUA. Num contexto de enfraquecimento do dólar — que, curiosamente, ocorre em paralelo com a descida dos rendimentos das obrigações do Tesouro — e de incerteza económica e geopolítica, não surpreende que o preço do ouro esteja a subir. Apesar de, tecnicamente, parecer sobrecomprado, poucos traders se atreveriam a apostar contra o ouro no atual ambiente de elevada incerteza e perda de confiança nos ativos norte-americanos — o que sugere que poderá ainda haver margem para novas valorizações”, acrescentou Ricardo Evangelista.
O ouro subiu mais de 30% este ano, com os bancos centrais a acelerarem as compras num momento de tensão entre os EUA e a China.
Já o dólar index — que mede a força da moeda norte-americana contra uma série de moedas, incluindo o euro — caiu na segunda-feira para o seu nível mais baixo desde 2022.
Por sua vez, a analista Susannah Street, da Hargreaves Lansdown, destacou que “os conflitos de longo prazo em todo o mundo, sem resolução, particularmente na Ucrânia e Gaza”, também ajudam a alimentar o rally do ouro.
“Existem também preocupações sobre o risco das tensões geopolíticas escalarem à medida que as oportunidades no Ártico atraem a atenção dos EUA e da Rússia”, afirmou, citada pela BBC.
Vários membros da Fed vão discursar esta semana e os mercados estarão atentos a estas análises.
“O momento é claramente forte, o que desencoraja os investidores e os traders de venderem ouro significativamente”, disse o analista Fawad Razaqzada, do City Index e Forex.com.
“As tensões comerciais são a principal razão para alimentar a subida do ouro. A tensão entre os EUA e a China criou uma espécie de nevoeiro económico que mantém os ativos de risco de lado, com os bulls do ouro firmemente em controlo”, acrescentou, citado pela Reuters.
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