A gestão da mudança não pode ser um mero exercício teórico ou um plano detalhado sem execução. Num mundo em que a mudança e, em alguns casos, até a disrupção são a regra, e não a exceção, o crescimento das organizações depende cada vez mais da capacidade de mudar. Contudo, muitas empresas desejam expandir, mas poucas ousam crescer de fato. Esse paradoxo reflete uma governance que frequentemente encara a mudança como um risco a ser minimizado, e não como uma oportunidade a ser explorada.
De acordo com um estudo da Harvard Business Review, a resistência à mudança é um dos principais fatores que limitam o crescimento sustentável das empresas. O estudo destaca que, embora 70% dos executivos reconheçam a necessidade de transformação, apenas 30% das iniciativas de mudança são bem-sucedidas. O motivo? A falta de compromisso efetivo da alta liderança em tornar a mudança uma prioridade estratégica e operacional.
Para que uma empresa realmente cresça, a mudança precisa ser incorporada na sua governance, com direções claras e compromisso da liderança a todos os níveis. A MIT Sloan Management Review destaca que empresas que alinham a sua estrutura de governance com uma mentalidade de inovação têm mais 50% de oportunidades de atingir seus objetivos de crescimento.
Para uma organização ousar crescer, é preciso desenvolver uma cultura que aceite o risco como parte do processo. A McKinsey argumenta que empresas que adotam uma cultura de “fail fast, learn faster” têm maior probabilidade de crescer de forma consistente. Tal significa que a gestão da mudança precisa ser mais do que um conjunto de diretrizes; deve incorporar o ADN da organização, permitindo que os líderes tomem decisões rápidas e calculadas.
A Deloitte também aponta que a falta de ousadia na gestão da mudança está frequentemente relacionada a um modelo de liderança tradicional e hierárquico. Líderes que estimulam a autonomia, a inovação e a colaboração entre equipas têm maior sucesso em transformar as suas organizações.
Como criar um modelo de mudança efetivo?
Para que a mudança deixe de ser apenas um discurso e passe a ser uma prática efetiva, algumas ações são fundamentais:
- Compromisso da Alta Liderança – O C-Level precisa ser o primeiro a demonstrar abertura à mudança e garantir que ela seja uma prioridade estratégica.
- Cultura de Experimentação – Testar novas abordagens e permitir pequenos fracassos controlados criam um ambiente de aprendizagem contínua.
- Estruturas Flexíveis – Modelos organizacionais rígidos são um obstáculo. Equipas ágeis e descentralizadas facilitam a implementação da mudança.
- Tecnologia e Dados – Utilizar informações baseadas em dados permite uma tomada de decisão mais rápida e eficiente.
- Gestão Contínua – A mudança não é um evento isolado, mas um processo contínuo de evolução.
Concluindo, as organizações que querem crescer precisam, antes de tudo, ousar crescer. Tal significa abandonar a mentalidade de segurança excessiva e abraçar a mudança como motor de crescimento. A governance tem um papel essencial nesse processo, pois é nela que se definem as estruturas, os incentivos e a cultura que permitirão à empresa transformar o desejo de crescer numa realidade concreta.
O futuro pertence às organizações que, não apenas falam em mudança, mas que a fazem acontecer.