O CEO do BPI confirmou na conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais do banco que vão abrir uma sucursal do CaixaBank Consumer Finance até ao fim do ano, assim que tiverem autorização dos supervisores, Banco de Portugal e Banco de Espanha, disse Pablo Forero.
“A sucursal vai fazer aquilo que não fazemos agora”, disse o CEO do BPI.
A razão porque vão abrir uma sucursal do banco de crédito ao consumo do CaixaBank é porque querem fazer crédito ao consumo a novos clientes e em pontos de venda (de consumo) e não o querem fazer com o Balanço do BPI. Porque o modelo de negocio implica uma gestão de risco diferente dado se estar a trabalhar com crédito em que o risco é mais elevado.
O BPI viu o crédito a particulares subir 1,9% nos primeiros seis meses do ano, mas aqui o crédito ao consumo e crédito automóvel subiu 9,4%. Pablo Forero explica que se trata de concessão de crédito aos clientes do BPI, a clientes vinculados. Para explicar que o BPI não está a ser mais permissivo na concessão de crédito.
“A venda de carros está a crescer muito e vamos a participar nessa atividade”, disse o CEO do BPI.
“Recomendações do Banco de Portugal sobre o crédito são muito bem vindas”
Pablo Forero admitiu na conferência de imprensa que as recomendações do Banco de Portugal sobre a concessão de crédito a habitação, no sentido mais restritivo, “são recomendações muito bem vindas”.
“São muito bem-vindas essas recomendações, são muito prudentes e ajudam os bancos mais sérios e que têm compromisso a mais longo prazo com os seus clientes a fazerem empréstimos de crédito à habitação razoáveis”, afirmou na conferência de imprensa, em Lisboa, de apresentação dos resultados do banco no primeiro semestre.
“No caso do BPI tivemos de fazer pequenos ajustamentos, não significa uma mudança importante”, afirmou Pablo Forero.
As novas regras foram anunciadas em 1 de fevereiro pelo Banco de Portugal, tendo o supervisor e regulador bancário justificado que o objetivo é os bancos não assumirem riscos excessivos nos novos créditos e que os clientes tenham capacidade de pagar as dívidas.
Em 01 de julho, entraram em vigor as novas regras do BdP que criam restrições à concessão de novos créditos à habitação e ao consumo, estabelecendo por exemplo que as famílias apenas podem gastar metade do seu rendimento com empréstimos bancários. O regulador recomenda a atribuição de novos créditos apenas a clientes que gastem no máximo metade (50%) do seu rendimento líquido com as prestações mensais de todos os empréstimos detidos (habitação e consumo), com exceções, a taxa de esforço pode chegar a 60%.
Há ainda limites ao valor do crédito face ao imóvel dado em garantia, recomendando o Banco de Portugal que o rácio entre o montante do empréstimo e o valor do imóvel dado em garantia tenha um limite de 90% para créditos para habitação própria e permanente. Ou seja, nesses casos, o dinheiro emprestado para a compra de casa pode ser no máximo de 90% do valor do imóvel dado em garantia. Este rácio é calculado com base no menor valor entre o preço de aquisição da casa e o valor da avaliação da casa.
O BPI costuma praticar percentagens de loan-to-value rácio que corresponde à percentagem a ser solicitada aos bancos relativamente ao valor do imóvel, de 85%.
Na análise da capacidade do devedor, os bancos têm ainda que ter em conta fatores como o aumento das taxas de juro (em três pontos percentuais), para evitar que a subida das Euribor ponha em risco a capacidade de pagar os créditos, e a diminuição do rendimento mensal no caso dos clientes que no fim do contrato tenham mais de 70 anos.
Já no caso de créditos para aquisição de imóveis detidos pelos próprios bancos e para contratos de locação financeira imobiliária pode ser emprestado o valor total (100%) do imóvel em garantia.
Por fim, há também limites à maturidade dos empréstimos, devendo ser 40 anos o limite da duração do empréstimo para novos contratos de crédito à habitação e crédito com garantia hipotecária. O BdP pede ainda convergência gradual para uma maturidade média de 30 anos até final de 2022.
Já enquanto os novos créditos ao consumo devem durar no máximo de 10 anos.
Sobre se há risco de uma bolha imobiliária em Portugal, Pablo Forero recordou que em Espanha assistiu à criação da bolha imobiliária e ao impacto devastador nos bancos espanhóis, para marcar a diferença para a atual conjuntura de subida dos preços do imobiliário. O CEO do BPI diz que esta subida de preços está a ser sustentada em parte pela procura de estrangeiros que não são os clientes tradicionais de crédito hipotecário que pagam as prestações do crédito.
Foi ainda abordada a questão das comissões bancárias que têm vindo a crescer num contexto de juros baixos. No dia 1 de outubro o BPI põe fim à isenção de comissões de manutenção de conta para quem domicilia o ordenado, mas essa comissão que vai passar a pagar oferece um conjunto de serviços inerentes à conta, explicou José Pena do Amaral, administrador do BPI, que acompanha Pablo Forero na apresentação das contas.
3.000 créditos à habitação em que terá de deduzir juros negativos
Questionado sobre a aplicação da Euribor negativa nos juros dos créditos concedidos, de forma a repercutir a favor dos clientes, Pablo Forero disse que “vamos cumprir a lei, o impacto é moderado. São à volta de 3.000 os contratos de crédito que serão afectados por esta lei”, disse Pablo Forero, recusando no entanto revelar o custo que terá para o banco e o valor dessas contas.
A lei tem impacto quando a taxa de juro média negativa das Euribor anula o ‘spread’ (margem de lucro comercial) cobrado pelo banco, o que tem impacto nos créditos com ‘spreads’ muito baixos.
Só créditos indexados a Euribor de curto prazo e com spreads abaixo do 0,40% são beneficiados com esta nova obrigação do banco, explicou.
“É uma cifra pequena, é pouco significativo”, acrescentou.
Na semana passada foi publicada em Diário da República a lei que estipula que os bancos são obrigados a reflectir nos contratos do crédito à habitação os valores negativos das Euribor, tendo até 30 de julho para rever o indexante de cálculo da taxa de juro dos créditos.
“Quando do apuramento da taxa de juro resultar um valor negativo, deve este valor ser reflectido nos contratos de crédito”, lê-se na lei publicada, à data, em Diário da República.
Pablo Forero admitiu que a forma como vai repercutir os juros negativos nos clientes é através de um abate ao capital em dívida, desse crédito em juros que o cliente passa a ter direito.”Tínhamos duas possibilidades e escolhemos essa”, disse ainda.
O diploma esclareceu que “o valor negativo apurado deve ser deduzido ao capital em dívida na prestação vincenda”.
CaixaBank Banco de Investimento vai abrir em Portugal
Depois de anunciar a venda das subsidiárias do BPI ao CaixaBank (BPI Investimento, BPI Vida, BPI Gestão de Ativos e BPI Fundos), falou-se da possibilidade de o banco de investimento abrir uma sucursal em Portugal. Pablo Forero confirmou essa intenção de abrir uma sucursal do banco de investimento (CaixaBank) em Portugal. O processo de passagem da atividade de banca de investimento para o CaixaBank em Espanha ainda está em curso. A atual equipa portuguesa de banca de investimento do BPI passa formalmente para o banco de investimento espanhol, mas mantêm-se fisicamente a trabalhar em Portugal porque o banco de investimento do CaixaBank vai abrir uma sucursal cá com sede (edifícios autónomos) inclusive, em Lisboa e Porto.
(atualizada)
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