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Pacotão de energia para desbloquear 40 mil milhões de projetos

Grande procura por parte de centros de dados, projetos de hidrogénio verde e industriais em Sines, Lisboa Abrantes e Castelo Branco leva Governo a agilizar procedimentos para acelerar ligações à rede. Legislação tem potencial para desbloquear grandes investimentos.
6 Outubro 2025, 07h00

A rede elétrica deixou de ser o parente pobre do setor energético. Todos os grandes projetos industriais previstos para o país precisam de muita eletricidade. Se existem muitos projetos para produzir energias renováveis, com a capacidade eólica e solar a aumentar em 25% até ao final de 2026, já o avanço da rede elétrica é mais lento.
Mas há um novo pacote legislativo no setor energético que pode ajudar a desbloquear 40 mil milhões de euros em projetos ligados à transição energética e à Inteligência Artificial (IA). É um pacotão, não pela legislação em si, mas pela capacidade que tem para desbloquear investimentos industriais importantes para o país, cujas intenções já ascendem aos 40 mil milhões de euros.
Neste momento, há uma grande procura de eletricidade em várias zonas do país por parte de investidores para construírem centros de dados, projetos industriais ou de hidrogénio verde. Para isso, é preciso eletricidade, certo, mas também que haja rede disponível.
O objetivo é “tornar a criação das zonas de procura mais simples, com procedimentos mais simples, porque de seguida iremos proceder à criação de várias zonas de grande procura, porque na verdade temos muita procura”, anunciou a ministra do Ambiente e da Energia.
“Há um conjunto muito elevado de procura em Portugal de investir em Portugal e já o anterior Governo criou este mecanismo de zonas de grande procura e que é um mecanismo muito interessante, mas que precisava de ser clarificado nalguns aspetos”, acrescentou.
“A última vez que fizemos esta contabilidade em pedidos. Tínhamos perto de 40 mil milhões de pedidos de investimento, portanto. Não quer dizer que depois se efetivem todos, claro”, segundo a governante em declarações na sexta-feira à margem da conferência da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

“Temos cerca de 30 pedidos para centros de dados que sabemos que estão também a pedir noutros países. Portanto, isto tem que ser muito verificado e os pedidos reais vão ser substancialmente menores do que este”, de acordo com Maria da Graça Carvalho.

As zonas de grande procura que vão ser criadas são uma segunda zona em Sines, mas também em Lisboa porque há “muita procura à volta de toda a região”. Outras zonas previstas, são Abrantes e Castelo Branco. Anteriormente, o Governo mencionou também a zona de Estarreja.
O Governo aprovou agora um decreto-lei que visa simplificar a criação de zonas de grande procura (ZGP) de eletricidade. Em 2024, foi criada zona de grande procura (ZGP) em Sines que atraiu 17 projetos com cinco gigas, mas só havia 1,5 gigas disponíveis.
Quem é que pediu para se ligar em Sines: A Águas de Santo André conta com três projetos; depois seguem-se várias entidades com dois projetos – StartCampus, Repsol e H2GreenSteel (dois projetos cada); e outras com um projeto: a CALB, GreenH2Atlantic, Iberdrola, MadoquaPower2X, MadoquaNH3, Petrogal, Smartenergy e WINPTX.
“Há várias zonas em que há uma concentração de procura de projetos de investimento. Isto é extremamente importante. Temos mais do dobro de pedidos de potência instalada em energias renováveis principalmente de centro de dados, também de hidrogénio e projetos industriais”, explicou.
“Tem que haver regras claras para podermos dar resposta a tudo isto. É preciso ter regras claras para que os pedidos correspondam exatamente a projetos com investimento e projetos concretos”, de acordo com a governante.
O Conselho de Ministros aprovou na sexta-feira um “Decreto-Lei que altera o regime do procedimento excecional para a atribuição de capacidade de ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP).
Com este diploma, “introduz-se um conjunto de alterações que tornam o procedimento mais simples, claro e expedito de modo a superar os constrangimentos existentes e garantir a concretização dos novos investimentos industriais estratégicos em Portugal, no quadro da transição energética, os quais têm gerado uma procura excecional e localizada de capacidade de ligação à rede elétrica para instalações de consumo”.
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