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Pacotes salariais são cada vez mais personalizados

Os complementos ao ordenado são hoje em dia um trunfo fundamental das empresas para atrair e reter o talento. A oferta está cada vez mais personalizada e centrada no indivíduo.
7 Abril 2019, 20h00

Longe vai o tempo em que o benefício extra salarial era dado como um simples prémio. O tempo permitiu que evoluísse e se transformasse num pilar fundamental da estratégia de empresas e organização para atrair e reter o talento. “Hoje – explica Paulo Fradinho, partner da Mercer Portugal ao Jornal Económico – os benefícios estão centrados no indivíduo, consideram a pessoa como um todo e correspondem a necessidades do seu ciclo de vida”. A personalização do benefício é, assim, uma das grandes tendências, segundo o responsável desta consultora especializada em benefícios, pensões, investimentos e carreiras.

A liberdade de escolha é outra das tendências apontadas por Paulo Fradinho. O colaborador pode optar pelo que melhor responde às suas necessidades como se de um vasto “cardápio” se tratasse. É um jovem engenheiro? Se calhar, interessa-lhe que a empresa patrocine o MBA com que tem vindo a sonhar. Tem filhos? Talvez lhe interesse, então, receber um subsídio escolar. Está na reta final da vida ativa? Um plano de pensões ou de reforma faz sentido…

No mundo digitalizado em que vivemos, nada já se faz sem dados, pelo que as empresas recorrem a eles com a mesma naturalidade com que recorrem aos meios de comunicação digitais.  “A informação chega aos colaboradores da empresa e a escolha é feita como se estivessem a fazer compras na Amazon”, frisa.

Na reta de evolução dos benefícios extra salariais em Portugal surge apenas um obstáculo, afirma Paulo Fradinho:_a legislação, que se encontra demasiado dispersa. “Para democratizar estas tendências, era importante a existência de uma legislação integrada”, adianta.

João Bernardo Gonçalves, manager da Michael Page Portugal, retoma o diapasão e acentua a importância dos benefícios extra salariais e do retorno que, por norma, dão à empresa. “As pessoas são, de facto, o que as empresas têm de mais importante e o que as potencia vai muito além de salário. Este tipo de desafios tem trazido um maior empowerment às divisões de Recursos Humanos das empresas que, alinhado com a estratégia e negócio, e com políticas de desenvolvimento, podem cada vez mais tirar o melhor das suas pessoas.”

Portugal ganhou nos últimos anos importância com destino nearshore, atraindo centros de competência e centros de excelência de multinacionais. O aumento da atratividade teve como consequência direta o aumento do desequilíbrio entre a oferta de profissionais e as vagas disponíveis, bem como a  pressão sobre o pacote salarial e os benefícios complementares.

“Os benefícios extra salariais são uma alternativa interessante, mas para além disso, uma necessidade para atrair e reter talento dentro das empresas. No entanto, muitos empregadores ainda não acompanham esta exigência por parte dos candidatos”, diz Carlos Maia, regional director da Hays Portugal. Segundo este responsável, uma análise comparativa dos últimos cinco anos, entre a valorização dos benefícios oferecidos pelas empresas e os mais valorizados pelos profissionais qualificados, permite concluir que “a valorização dos profissionais tem crescido e a dos empregadores tem sido semelhante ao longo dos anos”.

Por isso, avança: “Prevemos que a importância dada aos benefícios irá aumentar por parte dos profissionais, sendo que as empresas terão certamente que acompanhar este crescimento, como uma estratégia deste mercado competitivo e onde o candidato lidera o mercado.”

Carlos Sezões, partner da Stanton Chase Portugal, enfatiza a importância do “pacote” extra salarial como símbolo e baliza da cultura de uma organização. O seu fator diferenciador face à concorrência num tempo em que as ofertas salariais são cada vez mais homogéneas. “São os benefícios a diferenciar as organizações, num conceito mais amplo do que se designa como Employer Value Proposition (EVP)”, salienta.

Atualmente, o pacote de benefícios oferecidos pela entidade empregadora alberga benefícios financeiros e não financeiros, como bónus, seguros, flexibilidade (horários e dias de férias) ou ofertas complementares em domínios como saúde, educação e equilíbrio pessoal profissional.

O futuro passa por quais? “Vejo cada vez maior enfoque nos benefícios não financeiros”, diz Sezões.

Além da flexibilidade ou ofertas complementares, nas áreas da educação, saúde e work-life balance, que as empresas tendem a aumentar, há outros que o responsável do Stanton Portugal acredita que também vão crescer. Falamos dos benefícios na área da formação, como, por exemplo, a formação superior pós-graduada ou o ensino de línguas.

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