Amanhã, dia 1 de junho, realiza-se um encontro organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) sobre “Ética, Valores e Política”, no decurso do qual vai ser apresentado um novo estudo intitulado como “Instituições e Qualidade da Democracia: Cultura Política na Europa do Sul”.
Coordenado por Tiago Fernandes, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (departamento de Estudos Políticos), o estudo analisa três componentes da cultura política: a confiança nas instituições políticas nacionais, como o Parlamento, o Governo, os partidos políticos, a justiça e os sindicatos; a satisfação com a democracia e o interesse pela política; e a identificação, confiança e satisfação com a União Europeia (UE).
“Os portugueses confiam nas instituições políticas nacionais? Como se comparam com os restantes povos da Europa do Sul? A Grande Recessão (2007-2014) contribuiu para o aumento da desconfiança dos cidadãos nas suas instituições? Será que os povos da Europa do Sul estão satisfeitos com as democracias que têm? E em relação ao projeto europeu, qual a percepção e confiança dos países da Europa do Sul nas instituições europeias? Para responder a estas e outras perguntas, o novo estudo da FFMS recorreu à maior e mais abrangente base de dados sobre regimes políticos do mundo, desenvolvida pelo projeto Varieties of Democracy (V-Dem), um dos principais centros internacionais especializados nos processos de democratização, que congrega mais de 2.000 especialistas internacionais”, salienta a FFMS, através de um comunicado.
“Os seus autores destacam que ‘este é provavelmente o primeiro estudo a compilar dados sobre a qualidade das democracias de cinco países da Europa do Sul – Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal – por um período tão longo de tempo (desde os anos 1970 até ao dia de hoje)”, acrescenta.
O estudo revela que “os países da Europa do Sul são historicamente caracterizados por níveis elevados de entusiasmo em relação ao projeto europeu, mas ao longo dos últimos anos tem-se assistido a uma quebra nos indicadores que medem as várias dimensões de apoio à UE. A análise da evolução destes indicadores revela que o declínio de confiança começou a ser observável na viragem do século, e que estes atingiram valores consideravelmente baixos durante o período de crise”.
“Os resultados sugerem uma alteração importante com o advento da crise: ao contrário do que até então sucedia, a evolução da situação económica passou a estar mais diretamente associada a mudanças a nível da opinião pública nos países da Europa do Sul em relação à Europa. (…) Os resultados sinalizam que a crise das dívidas soberanas constituiu um momento de viragem, que implicou que alguns dos efeitos já detetados no âmbito da opinião pública relativamente às instituições nacionais se expandissem para a esfera europeia”, conclui.
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