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Países da Europa do Sul são “euro-entusiastas” mas assiste-se a um declínio da confiança na UE

Novo estudo da FFMS (“Instituições e Qualidade da Democracia: Cultura Política na Europa do Sul”) conclui que “a crise das dívidas soberanas constituiu um momento de viragem, que implicou que alguns dos efeitos já detetados no âmbito da opinião pública relativamente às instituições nacionais se expandissem para a esfera europeia”.
Roma, Itália
31 Maio 2019, 21h00

Amanhã, dia 1 de junho, realiza-se um encontro organizado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) sobre “Ética, Valores e Política”, no decurso do qual vai ser apresentado um novo estudo intitulado como “Instituições e Qualidade da Democracia: Cultura Política na Europa do Sul”.

Coordenado por Tiago Fernandes, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (departamento de Estudos Políticos), o estudo analisa três componentes da cultura política: a confiança nas instituições políticas nacionais, como o Parlamento, o Governo, os partidos políticos, a justiça e os sindicatos; a satisfação com a democracia e o interesse pela política; e a identificação, confiança e satisfação com a União Europeia (UE).

“Os portugueses confiam nas instituições políticas nacionais? Como se comparam com os restantes povos da Europa do Sul? A Grande Recessão (2007-2014) contribuiu para o aumento da desconfiança dos cidadãos nas suas instituições? Será que os povos da Europa do Sul estão satisfeitos com as democracias que têm? E em relação ao projeto europeu, qual a percepção e confiança dos países da Europa do Sul nas instituições europeias? Para responder a estas e outras perguntas, o novo estudo da FFMS recorreu à maior e mais abrangente base de dados sobre regimes políticos do mundo, desenvolvida pelo projeto Varieties of Democracy (V-Dem), um dos principais centros internacionais especializados nos processos de democratização, que congrega mais de 2.000 especialistas internacionais”, salienta a FFMS, através de um comunicado.

“Os seus autores destacam que ‘este é provavelmente o primeiro estudo a compilar dados sobre a qualidade das democracias de cinco países da Europa do Sul – Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal – por um período tão longo de tempo (desde os anos 1970 até ao dia de hoje)”, acrescenta.

O estudo revela que “os países da Europa do Sul são historicamente caracterizados por níveis elevados de entusiasmo em relação ao projeto europeu, mas ao longo dos últimos anos tem-se assistido a uma quebra nos indicadores que medem as várias dimensões de apoio à UE. A análise da evolução destes indicadores revela que o declínio de confiança começou a ser observável na viragem do século, e que estes atingiram valores consideravelmente baixos durante o período de crise”.

“Os resultados sugerem uma alteração importante com o advento da crise: ao contrário do que até então sucedia, a evolução da situação económica passou a estar mais diretamente associada a mudanças a nível da opinião pública nos países da Europa do Sul em relação à Europa. (…) Os resultados sinalizam que a crise das dívidas soberanas constituiu um momento de viragem, que implicou que alguns dos efeitos já detetados no âmbito da opinião pública relativamente às instituições nacionais se expandissem para a esfera europeia”, conclui.

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