A pandemia forçou a descida das taxas de juro um pouco por todo o mundo, devido à forte resposta da política monetária à crise. Os sinais de que este ano poderá marcar algum regresso à normalidade nas principais economias têm provocado um ajuste das expectativas dos mercados monetários e dos bancos centrais em relação à política monetária e à inflação.

Se na reação à pandemia a queda das taxas foi transversal, agora o panorama é outro. No Brasil, por exemplo, a taxa Selic já subiu 0,75 p.p. para 2,75% devido ao aumento da inflação e maio trará igual decisão. A Noruega está a preparar uma subida dos juros, ainda este ano, tal como sucede na África do Sul. No Canadá também se prepara um aperto monetário.

Nos EUA, a Fed respondeu à pandemia cortando taxas para 0% e com um programa de compra de ativos (quantitative easing) agressivo. Não se prevê a subida da taxa de referência, mas as perspetivas de uma forte recuperação económica e de subida da inflação estão a fazer subir os juros nas maturidades mais longas, o que tem sido tolerado pela Reserva Federal.

Na zona euro a situação é bem diferente. Já sem espaço para cortar taxas quando surgiu a pandemia, o BCE optou por reforçar os programas de injeção de liquidez. A vacinação mais lenta provocará uma recuperação económica mais sóbria e tardia, pelo que não há qualquer perspetiva de alteração do quadro de juros muito baixos em toda a curva de rendimentos. E, devido ao elevado endividamento dos países, o BCE não pode tolerar a subida dos spreads de dívida entre os constituintes do euro, o que potencialmente alimentará fortes divisões na UEM.