A pandemia de Covid-19 poderá representar uma perda de 340 milhões de euros em gastos em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) por parte de diversos setores de atividade portugueses, de acordo com um estudo da IDC Portugal. A consultora, que levou a cabo mais de 500 inquéritos junto de decisores nacionais, desde o início da pandemia, acabou por rever em baixa as estimativas que tinha para os gastos com TIC das empresas portuguesas, de acordo com informação enviada à Lusa.
Assim, as estimativas da IDC apontam neste momento para um total de 8,040 mil milhões de euros em gastos de diversos setores com TIC, uma redução de 4,1% no total, ou seja, 340 milhões de euros face aos valores de 2019. O setor do consumo é dos mais afetados, com uma previsão de investimentos de 3,091 mil milhões de euros previstos, uma quebra superior a 6%.
A indústria de produtos diferenciados (`discrete manufacturing`) deverá gastar menos 7,2% com TIC do que no ano passado e a indústria mais indiferenciada (de produtos como sal, petróleo e outros) deverá ter menos 5,6% de custos com estas tecnologias. Mas há setores em que a redução será menor, por exemplo, na banca, que deverá decrescer 1,9% para 775,71 milhões de euros.
Em declarações à agência Lusa, o presidente executivo da IDC, Gabriel Coimbra, sublinhou que a primeira conclusão destes dados é que, ainda que 4,1% seja uma quebra brutal, o setor “é menos afetado do que os restantes”. A consultora partiu de estimativas de redução do Produto Interno Bruto (PIB) entre 6% e 8%.
“As TIC são hoje fundamentais para todos os processos de negócios e todos os setores. Em poucas semanas demos um salto tecnológico de dez anos, com o trabalho remoto, canais digitais e aumento do `e-commerce`”, referiu Gabriel Coimbra, que assegurou que são fundamentais “para o funcionamento dos restantes setores, sobretudo nesta altura de confinamento”.
O responsável deu ainda conta de que os setores estavam a ter comportamentos diferentes e que, por exemplo, nas telecomunicações, a descida era reduzida. Já os transportes, indústria, turismo e restauração e serviços semelhantes vão cair quase 10%, acredita Gabriel Coimbra.
A consultora estima ainda que há setores que deverão mesmo registar algum crescimento, como os serviços de `cloud`, importantes para quem está em teletrabalho.
A IDC estima que em 2021 os gastos com TIC registem algum crescimento, passando para 8,05 mil milhões de euros e em 2022 atinjam 8,30 mil milhões de euros.
Para realizar este estudo, a IDC Portugal consultou analistas regionais e globais e levou a cabo 500 inquéritos junto de decisores nacionais, além de dezenas de entrevistas com os principais fornecedores de tecnologia em Portugal e `startup`, segundo revelou a consultora.
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