O Papa Francisco sugeriu que a comunidade internacional deve investigar sobre se a campanha militar de Israel em Gaza constitui ou não um genocídio do povo palestiniano. Não é a primeira vez que o papa critica a atuação de Israel nos territórios ocupados, mas é talvez a sua crítica mais profunda – que com certeza merecerá o repúdio do governo liderado por Benjamin Netanyahu.
Em trechos publicados no domingo de um livro a ser lançado, o sumo pontífice diz que alguns especialistas internacionais afirmam que “o que está a acontecer em Gaza tem as características de um genocídio”. “Devemos investigar cuidadosamente para avaliar se isso se encaixa na definição técnica (de genocídio) formulada por juristas e organizações internacionais”, refere o papa nos trechos, publicados pelo jornal italiano “La Stampa”.
Recorde-se que, em dezembro passado, a África do Sul submeteu com um processo contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça por suposta violação da Convenção do Genocídio. Em janeiro, os juízes do tribunal ordenaram que Israel garantisse que as suas tropas não cometessem atos genocidas. O tribunal ainda não se pronunciou sobre o cerne do caso – com vários países a secundarem a acusação da África do Sul, nomeadamente a Turquia.
Israel diz, evidentemente, que as acusações de genocídio na campanha em Gaza são infundadas e que está apenas a combater o Hamas e outros grupos armados. “Houve um massacre genocida em 7 de outubro de 2023 de cidadãos israelitas e, desde então, Israel exerceu o seu direito de autodefesa contra tentativas de sete frentes diferentes de matar os seus cidadãos”, disse Yaron Sideman, embaixador da Santa Sé, citado pelo jornal Vatican News. A morte de 1.200 pessoas por certo não configura genocídio; a morte de mais de 43 mil talvez também – mas o certo é que este número é 35 vezes mais que o primeiro e a contagem continua. O embaixador usou o argumento que vai sendo cada vez mais comum – como sucedeu no caso dos acontecimentos em Amsterdão e em Paris depois de dois jogos de futebol com a presença da equipa nacional de Israel: são casos de antissemitismo. Contudo, parece mais sensato considerar que há um povo (seja ele qual for) que está a matar indiscriminadamente outro povo (seja ele qual for). O Vaticano não fez comentários sobre a matéria, mas o seu site de notícias informou no domingo sobre os trechos do livro, incluindo o comentário sobre o genocídio.
Francisco tem geralmente o cuidado de não tomar partido em conflitos internacionais, mas intensificou as suas críticas à conduta de Israel. Em setembro, lamentou a morte de crianças palestinianas nos ataques israelitas a Gaza e criticou duramente os ataques aéreos de Israel no Líbano como indo “além da moralidade”. Na semana passada, o Papa Francisco reuniu no Vaticano com uma delegação de ex-reféns mantidos pelo Hamas em Gaza, que defendem a libertação dos que ainda estão detidos.
Entretanto, num ataque a um prédio em Beirute, capital do Líbano, o exército de Israel matou o principal porta-voz do Hezbollah. Mohammed Afif foi morto no ataque aéreo ao bairro de Ras al-‘a, junto a um reduto do Hezbollah conhecido como Dahiyeh. O prédio onde Afif foi alvejado abrigava a representação do Partido Baath sírio, e a ação cito é matar alguém especificamente.
Também este domingo, as forças de defesa de Israel (IDF) disseram, citadas pela imprensa israelita, que haviam completado uma onda de ataques aéreos contra alvos do Hezbollah em Dahiyeh. Os alvos atingidos por caças incluíam salas de comando e outras infraestruturas, de acordo com os militares israelitas. Nos últimos dias, as IDF aumentaram os ataques contra alvos do Hezbollah em Beirute, com mais de 50 locais atingidos em apenas uma semana.
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