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Papa Francisco em Bagdade: “Chega de violências, extremismos, fações e intolerâncias”

Uma visita inédita, carregada de simbolismos e de perigos, finda a qual o chefe de Estado do Vaticano quer deixar uma mensagem conjunta com o líder muçulmano xiita do Iraque.
  • Tony Gentile / Reuters
5 Março 2021, 17h50

Numa viagem inédita – apesar de já ter sido tentada antes, por João Paulo II – o Papa Francisco aterrou esta sexta-feira em Bagdade, capital do Iraque, onde vai ficar durante os próximos quatro dias. No centro da viagem – para além do caráter religioso de que se reveste – está a possibilidade de conseguir uma declaração conjunta com o líder dos muçulmanos do Iraque (país de maioria xiita), o Grande Aiatolá Sayyid Ali al-Husayni al-Sistani, apelando à paz e ao entendimento inter-religioso, mas também entre os que se encontram de desavença com o seu semelhante, quem quer que ele seja.

Segundo os jornais do Médio Oriente, essa declaração não deverá ser escrita, ao contrário do que sucedeu quando Francisco se encontrou no Egipto com o influente grande imã de al-Azhar do Islão sunita, Ahmed el-Tayeb. Mas a mensagem com certeza não se desvanecerá por falta de papel e caneta.

O Papa Francisco encontra-se com Ali al-Sistani este sábado e preside a uma celebração inter-religiosa na planície de Ur, lugar onde, segundo a Bíblia, residia Abraão. É mais um momento de forte simbolismo, durante o qual Francisco não deixará por certo de recordar as perseguições de que os cristão foram e são alvo por aquelas paragens.

No dia seguinte, domingo, o Papa Francisco visita o Curdistão iraquiano – zona de forte propensão independentista e de onde saíram alguns dos grupos mais que destacadamente lutaram contra o Estado Islâmico.

Quando aterrou em Bagdade, o Papa Francisco aterrou foi recebido no aeroporto pelo primeiro-ministro Mustafa Al-Kadhimi. Os dois conversaram na sala VIP do aeroporto durante alguns minutos. Mais tarde, já no palácio presidencial de Bagdade, encontrou-se com o presidente iraquiano, Barham Salih.

No primeiro discurso em solo iraquiano, Francisco condenou o fundamentalismo religioso e apelou à união de esforços entre todos para calar as vozes do radicalismo – coisa que não falta no Iraque: “Chega de violências, extremismos, fações e intolerâncias”, afirmou. E apelou a que todos os iraquianos, independentemente da religião, que se unam para “construir juntos este país”, em diálogo construtivo“.

O Papa falou depois do presidente Barham Salih, que deixou ao líder católico um agradecimento pelos esforços rumo à paz no Médio Oriente e lembrou que a região “não pode ser imaginada sem os cristãos“.

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