2018 foi um ano muito difícil para os investidores. Ao longo do ano foram-se materializando uma série de factores de risco – guerras comerciais, eleições de governos populistas, um pré Brexit desordeiro, o abrandamento da economia chinesa – que culminaram, no final do ano, por uma Reserva Federal teimosa, que se manteve pouco flexível perante um mercado nervoso. O mercado accionista fechou o mês de Dezembro perto de mínimos de vários anos (tendo tido o pior trimestre desde 2011), e no mercado obrigacionista foram os activos de refúgio que concederam a maior parte do retorno (o que foi intrigante em ano de normalização da política monetária).

2018 também foi um ano inquietante pelo que se assistiu na esfera política e geopolítica. O governo de Trump veio quebrar muitos tabus geopolíticos, fazendo por vários momentos lembrar os relatos dos tempos da Guerra Fria. E na Europa assistiu-se a um crescimento – algo sombrio – do populismo, e a manifestações em França que em certos dias pareciam cenários de guerra civil.

Foi um ano que deu razão aos pessimistas e que escureceu as expectativas de muitos. Mas é precisamente nestas alturas que é importante salientar os factores positivos, e puxar pelo optimismo.

Eis então uma pilha de motivos para olhar para 2019 com algum optimismo:

  • Apesar de toda a turbulência nos mercados financeiros, na política e na geopolítica, os indicadores económicos das economias desenvolvidas revelam resiliência, não se esperando mais do que um abrandamento do ritmo de crescimento tanto nos EUA como na Europa.
  • O sector financeiro das economias desenvolvidas está, como um todo, melhor capitalizado do que alguma vez esteve nas últimas décadas, o que reduz bastante a probabilidade de um acidente financeiro sério.
  • O abrandamento mais expressivo da economia chinesa parece estar a ser gerido de forma controlada pelo governo chinês. E caso saia fora de controlo, maior é a probabilidade da China ceder perante as exigências dos norte-americanos para chegarem a um acordo comercial.
  • Tudo pode acontecer em relação ao Brexit, até um não-Brexit.
  • O preço do petróleo caiu cerca de 40% nos últimos dois meses, o que alivia consideravelmente a probabilidade de um pico inflacionista durante 2019.
  • Na América Latina, depois de um ano de mudanças estruturais no Brasil e na Argentina, já se vêem sinais muito positivos em termos macroeconómicos.
  • Segundo algumas métricas, o mercado accionista está mais barato do que alguma vez esteve nos últimos cinco anos.

Outros tantos ficam por escrever, mas penso que estes são suficientes para se conseguir olhar para 2019 de outra perspectiva, diferente da que que parece estar a predominar.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.