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Parque de Maputo entre os cinco recomendados a Património Mundial da UNESCO

Numa nota consultada hoje pela Lusa, a IUCN, consultora oficial sobre natureza do comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), refere que se o comité intergovernamental seguir o seu conselho na próxima reunião, na 47.ª sessão, de 06 e 16 de julho, em Paris, “paisagens incríveis, marinhas e áreas de rica geodiversidade e biodiversidade” receberão esse estatuto.
2 Junho 2025, 18h48

O Parque Nacional de Maputo é um dos cinco locais indicados com “excecional potencial” para o estatuto de Património Mundial pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), decisão será tomada em julho pela UNESCO.

Numa nota consultada hoje pela Lusa, a IUCN, consultora oficial sobre natureza do comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), refere que se o comité intergovernamental seguir o seu conselho na próxima reunião, na 47.ª sessão, de 06 e 16 de julho, em Paris, “paisagens incríveis, marinhas e áreas de rica geodiversidade e biodiversidade” receberão esse estatuto.

Incluem-se, refere, “sítios que protegem até 850.000 aves migratórias, chimpanzés ocidentais e numerosos peixes de recifes de coral”.

Além do Parque Nacional de Maputo e dos Ecossistemas Costeiros e Marinhos do Arquipélago dos Bijagós da Guiné-Bissau, a recomendação da IUCN inclui o complexo Gola-Tiwai, um refúgio de elefantes na Serra Leoa, o Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang, no Vietname, e o Monte Kumgang, na Coreia do Norte.

Sobre a candidatura do Parque Nacional de Maputo, a organização explica que recomendou a expansão da classificação do vizinho Parque de Zonas Húmidas de iSimangaliso, na África do Sul, já Património Mundial, para incluir a área moçambicana.

“O mosaico de recifes de corais coloridos, praias de areia branca e extensos prados de ervas marinhas abriga grandes concentrações de tartarugas marinhas em nidificação, bandos de flamingos em reprodução e outras aves aquáticas importantes”, refere a IUCN.

A UICN considera que estes sítios “cumprem os requisitos para serem declarados como Património Mundial Excecional” .

“Há necessidade de uma maior ação para combater o desequilíbrio na Lista do Património Mundial e de apoiar regiões e países sub-representados”, afirmou Tim Badman, diretor do Património Mundial da UICN, citado na informação da organização, acrescentando: “A nomeação destes sítios extraordinários como áreas Património Mundial é um passo positivo para colmatar as lacunas da Lista e salvaguardar alguns dos sítios mais singulares do planeta para a natureza e para as pessoas”.

Este ano, mais de 120 especialistas da UICN analisaram um total de oito candidaturas ao Património Mundial, avaliações que servem de recomendação ao Comité do Património Mundial da UNESCO.

A história da proteção a sul da capital moçambicana começou em 1932, então uma pequena área de caça, em que o elefante era dos principais alvos. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação como Reserva Especial de Maputo.

Após o declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência, impulsionado pela assinatura em 2006 de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation, e já unificando a gestão das duas componentes de proteção terrestre e marinha, desde 2010 que o Parque Nacional de Maputo não para de crescer, com a reintrodução e translocação de espécies.

“Trouxemos um pouco mais de 5.000 animais de 14 espécies diferentes, primeiros herbívoros e agora estamos a reintroduzir os carnívoros. Trouxemos algumas chitas, estamos agora com uma população de hienas e possivelmente teremos que trazer mais leopardos (…). É esse é o plano”, explicou o administrador do parque, Miguel Gonçalves, em entrevista à Lusa, em 2024.

Com as emblemáticas girafas e elefantes que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de “mar e terra”, numa área total de 1.718 quilómetros quadrados. Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas historicamente estabelecidas: A Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).

“No mesmo dia e no mesmo local, num dia de sorte, podemos ter a baleia corcunda de um lado e o elefante do outro. O maior mamífero terrestre do mundo e um dos maiores mamíferos marinhos do mundo”, contou ainda o administrador.

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