O discurso do Presidente da República foi alvo de críticas por parte dos partidos à direita. Na sua comunicação, Macelo Rebelo de Sousa defendeu que em “tempos excecionais de dor, de sofrimento, de luto, de separação, de confinamento, é que mais importa invocar a pátria, a independência, a república, a liberdade e a democracia”.
“Esta sessão é um bom exemplo”, afirmou o Presidente da República, que disse não ter “hesitado, nem por um segundo”, em estar presente nesta cerimónia. “Neste momento, seria sim vergonhoso a Assembleia da República demitir-se de exercer os seus poderes”.
Após a sessão solene de comemoração da revolução dos cravos na Assembleia da República, os partidos mais à direita criticaram o discurso do Presidente.
Na sua análise, o CDS considerou que o Presidente da República tentou justificar a sessão solene, um evento que “muitos portugueses não compreendem”.
“Neste discurso de três minutos, o CDS veio dizer o que muitos portugueses pensam. O Presidente da República, num discurso de muitos mais minutos, tentou justificar o que muitos portugueses não compreendem”, afirmou, apontando que a solução inicial aprovada em conferência de líderes parlamentares “foi sendo alterada”, devido à polémica.
“O poder político não pode fazer aquilo que por decisão desta câmara foi pedido aos portugueses, que não podem participar em cerimonias, celebrar a Páscoa, ou celebrar o 13 de maio”, afirmou.
“Para nós invocar o 25 de abril nunca esteve em causa, como nunca esteve o Parlamento estar a trabalhar e aprovar legislação para fazer o que é mais importante, combater a pandemia”, segundo o centrista.
Por sua vez, o Chega defendeu que “esta cerimonia não devia ter sido realizada nestes moldes, entendemos que não demos um bom exemplo hoje aos portugueses”.
“O Presidente da República apresentou-se com o intuito de criar convergência, mas acabou por criar uma enorme divergência entre os que defendiam este modelo e os que não defendiam, isso é de lamentar”, de acordo com André Ventura.
Segundo o deputado, “havia bons e sólidos argumentos” para o evento não decorrer presencialmente, considerando que a realização do mesmo criou uma “grande divisão entre os portugueses”.
A Iniciativa Liberal, por seu turno, defendeu que a cerimónia devia-se ter realizado de forma diferente, com maior “repercussão nas redes sociais, é uma inovação no seu formato, que reforçaria o seu simbolismo, de uma democracia que tempos de crise se sabe reinventar. Isso hoje não aconteceu, lamentavelmente”, disse João Cotrim Figueiredo.
O PSD foi à exceção à direita, com o maior partido da oposição a considerar que o discurso do Presidente trouxe “alguma serenidade, alguma calma, algum bom senso” numa ocasião em que as “pessoas estão mais irritadas”.
“Temos a obrigação de acalmar, de ter bom senso de puxar a racionalidade, foi isso que o Presidente fez”, destacou Rui Rio, apontando que há “um excesso de emotividade” neste momento, e que as pessoas “estão demasiado crispadas”.
Já à esquerda, o discurso encontrou mais apoio, com o secretário-geral do PCP a apontar que “teve significado a forma como o Presidente defendeu a importância e o acerto desta sessão solene, desta comemoração”, disse Jerónimo de Sousa.
Por sua vez, Os Verdes consideraram que o discurso de Marcelo “veio ao encontro ao que os Verdes sempre defenderam, a realização desta sessão solene na casa da democracia. É em períodos excecionais que mais se justifica a invocação de acontecimentos que marcaram a nossa historia, desde logo o 25 de abril de 1974. A AR não esta paralisada”, tendo reunido para debater e aprovar o Estado de Emergência, destacou José Luís Ferreira.
O PAN, por seu turno, lamentou que o Presidente tenha “optado por alimentar alguma polemica em torno desta cerimónia. deixando de parte uma posição mais moderada, que visava que a cerimonia pudesse ser repensada”, de acordo com Inês de Sousa Real.
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