Pedro Passos Coelho, antigo primeiro-ministro, esteve esta terça-feira em tribunal como testemunha no julgamento BES/GES e à saída, aos jornalistas fez várias considerações sobre o caso: não quer a culpa morra solteira e explica porque é que a nacionalização do BES seria impensável.
“Creio que agi de acordo com a interpretação que fiz do interesse nacional e julgo que isso defendeu o país e o Estado
O caso está a ser julgado e como qualquer cidadão interessado, espero que o processo possa ser concluído sem que a culpa morra solteira”, começou por referir.
Sobre o motivo pelo qual foi preferida a resolução à nacionalização do BES, o antigo governante explicou que essa decisão já tinha sido tomada em relação ao BPN e o BPN “era um banco pequenino”. Apesar disso, “a sua nacionalização ainda custa biliões de euros ainda hoje ao Estado português; agora imagine uma coisa com a dimensão do BES”.
“Não temos uma cultura de casos bem sucedidos nessa matéria porque teríamos uma fatura pesadíssima. Era impensável que a CGD pudesse prover financiamento ao GES, porque o grupo não tinha sustentabilidade financeira”, referiu.
O que disse em tribunal?
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho disse esta terça-feira em tribunal que, em maio de 2014, sugeriu ao então banqueiro Ricardo Salgado que negociasse com os credores do Grupo Espírito Santo (GES) uma “falência ordenada” desta entidade.
O chefe de Governo à data da resolução do Banco Espírito Santo (BES), no verão de 2014, contou que a recomendação foi dada depois de, numa reunião com Ricardo Salgado e outros dois elementos da instituição, estes terem solicitado que o Estado implementasse um programa de apoio ao GES.
“Essa reunião traduzia o pedido do Dr. Ricardo Salgado de ver o Governo, não direi impor, mas dar orientações à Caixa Geral de Depósitos e, eventualmente se isso fosse necessário, dar algum aporte positivo sobre um plano de reestruturação junto de outros bancos […] para um programa de apoio financeiro ao Grupo Espírito Santo”, afirmou Pedro Passos Coelho, ao testemunhar no julgamento do processo principal do colapso do BES/GES.
Além de apoio financeiro, a administração do BES pretenderia que fosse possível fazer “uma troca de ativos”, de modo a gerir aqueles que poderiam “estar a pressionar a saúde financeira do grupo”.
“A minha reação foi muito prática: transmiti que esse plano não tinha qualquer viabilidade”, frisou.
Neste contexto, o então primeiro-ministro deu “uma sugestão no sentido de evitar a falência desordenada do GES”, propondo a Ricardo Salgado que reunisse “os seus credores mais relevantes” e negociasse “com eles uma falência ordenada”.
Pedro Passos Coelho recordou ainda que, em abril de 2014, tivera já uma primeira reunião com o ex-presidente do BES, na qual este mostrara “desconforto com a forma como o governador do Banco de Portugal lidava com o BES”.
“Era sabido que o Banco de Portugal estava empenhado em garantir uma substituição da administração do BES, não ajudar à confusão entre a situação que era razoavelmente conhecida do Grupo Espírito Santo e a do próprio banco”, acrescentou.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com