O património financeiro global cresceu em 2024, atingindo um valor recorde de 305 mil milhões de dólares (259,3 mil milhões de euros à taxa de câmbio atual), contribuindo para isso a subida de 8,1% nos ativos financeiros, revela o estudo ‘Global Wealth Report 2025: Rethinking the Rules for Growth’, da Boston Consulting Group (BCG).
“O património financeiro transfronteiriço aumentou 8,7%, atingindo 14,4 mil milhões de dólares (12,2 mil milhões de euros) em 2024, acelerando face à média anual de 6,3% registada nos quatro anos anteriores. Este avanço representa a crescente procura pela diversificação geográfica à medida que as tensões geopolíticas aumentam. Trata-se de uma inversão face aos fluxos regionais que dominaram nos últimos anos, impulsionados pelos recentes anúncios de tarifas dos Estados Unidos, que têm conduzido a um maior interesse nos serviços além-fronteiras. Esta dinâmica deverá intensificar-se com a persistência da incerteza global”, refere o estudo.
O estudo diz ainda que Singapura (11,9%) e os Emirados Árabes Unidos (11,1%) foram os principais centros financeiros e de gestão de património, existindo a previsão que a Suíça, Hong Kong e Singapura possam absorver cerca de dois terços de toda a nova riqueza transfronteiriça até 2029.
“Por sua vez, os ativos sob gestão (AuM) na gestão de patrimónios cresceram 13% em 2024, superando a expansão dos ativos financeiros. Contudo, as receitas aumentaram apenas 7,1%, com margens comprimidas devido às alterações das taxas de juro. Ainda assim, a riqueza líquida global, que inclui ativos financeiros, ativos reais e passivos, apresentou um crescimento mais modesto de 4,4%, abaixo da média anual dos anos anteriores, refletindo um cenário de pressões económicas mais complexo”, revela o estudo da BCG.
O estudo diz ainda que 28% do crescimento dos ativos financeiros sob gestão na última década foi “orgânico”, ou seja, “teve origem nos consultores financeiros já integrados nas equipas”, adiantando também que a expansão foi impulsionada sobretudo por “alavancas externas como fusões e aquisições (M&A), desempenho dos mercados e recrutamento de consultores”.
O managing diretor e senior partner da BCG em Lisboa, Pedro Pereira, disse ainda que o crescimento do património financeiro global em 2024 reflete uma “recuperação sólida” dos mercados, mas também “expõe fragilidades estruturais do setor, particularmente nos mercados mais maduros onde o crescimento orgânico continua a ser limitado, como é o caso da Europa Ocidental”.
Pedro Pereira acrescentou que num contexto de “maior concorrência e pressão sobre as margens de lucro, as instituições que investirem na capacitação dos seus consultores, na diferenciação da marca e na adoção de ferramentas digitais como a inteligência artificial (IA generativa) estarão mais bem preparadas para captar e fidelizar clientes. A criação de riqueza a nível global é uma realidade crescente, mas só um modelo de crescimento sustentável permitirá transformá-la em valor duradouro para as empresas”.
O estudo diz ainda que em termos regionais, em 2024, a América do Norte “liderou o crescimento do património financeiro, com um incremento de 14,9%, alimentado por um aumento de 23% no índice S&P 500”, seguindo-se as regiões da Ásia-Pacífico, que “registou um aumento de 7,3%, potenciado por países como a China, Índia e pelo Sudeste Asiático, e do Médio Oriente e África, onde se verificou um crescimento de 4,8%”.
O crescimento mais baixo foi na Europa Ocidental e na Europa de Leste e Ásia Central, que “contabilizaram apenas 0,8% e 0,3% de aumento, respetivamente, penalizadas pela depreciação cambial das moedas locais” face ao dólar. Em contracorrente, o património financeiro diminuiu na América Latina (-9,3%) e no Japão (-5,2%).
“Perante este cenário, prevê-se que, até 2029, a Ásia-Pacífico lidere a criação de riqueza, com uma taxa média de crescimento anual (CAGR) de 9%, seguida da Europa de Leste e a Ásia Central (8%) – que deverá sofrer uma recuperação – a Europa Ocidental (5%) e a América do Norte (4%)”, salienta o estudo.
O estudo considera ainda que para os gestores de património que “pretendem impulsionar o crescimento orgânico do património financeiro é necessário desenvolver estratégias e capacidades que possibilitem um crescimento sustentável, independentemente das condições do mercado”. Nesse sentido o estudo recomenda quatro passos: “Diferenciação de marca; Utilização de inteligência artificial (IA) na aquisição de clientes; Sistemas de Recomendação Baseados em Dados; Personalização da experiência para atrair novos clientes”.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com