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Paulo Macedo: “A Caixa não vai ser acionista da Efacec”

A CGD pagou dois terços dos resultados em contribuições regulatórias, disse ainda o CEO do banco, ou seja, 60 milhões. O presidente do banco disse ainda que vai cumprir o plano estratégico até ao fim do ano.
  • Cristina Bernardo
13 Maio 2020, 19h58

“A Caixa não tem qualquer intenção de ter uma participação na Efacec, nem nunca teve, nem directamente, nem através de um veículo”, garantiu o CEO da CGD durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados, desmentindo assim as notícias que avançavam que os bancos credores poderiam ficar com a empresa detida por Isabel dos Santos.

O Público tinha avançado que uma das propostas para a aquisição da participação de 67,2% de Isabel dos Santos na Efacec envolve a conversão de créditos bancários em capital. Já o Eco tinha dito que havia negociações entre os representantes de Isabel dos Santos, a gestão executiva liderada por Ângelo Ramalho e os bancos credores, dos quais se destaca a Caixa Geral de Depósitos e que tudo indicava que a solução preferida pelos bancos mais expostos à Efacec, desde logo a CGD e o Novo Banco, seria a tomada de controlo acionista da empresa, através de um veículo financeiro criado para o efeito.

Paulo Macedo pôs hoje fim a essa incógnita que pairava no mercado. O banco não vai entrar no capital da Efacec, primeiro porque lhe está vedada a possibilidade de fazer aquisições fora do seu core business e, mesmo que não estivesse, “não tem qualquer interesse”, lembrando que o banco tem estado a vender as participações que não são core.

Paulo Macedo disse ainda que os cinco bancos que têm a dívida bancária da Efacec também não estão a equacionar esse cenário de ser acionistas da empresa.

O Jornal Económico já tinha noticiado que os bancos credores da Efacec não estão a estudar a conversão de créditos em capital, e a maioria nem vê racional nessa solução. A exceção era o Novo Banco, com António Ramalho a dizer que está aberto a todas as soluções. Os cinco bancos do sindicato bancário que têm as dívidas da empresa são a CGD, o Novo Banco, o EuroBic, o Montepio e o BCP.

Ainda na conferência de imprensa, o banco revelou que pagou este trimestre 60 milhões de euros em contribuições para o Fundo de Resolução nacional, para o Fundo de Resolução europeu, para o Fundo de Garantia de Depósitos em taxas de supervisão e contribuições extraordinárias. Este pagamento já foi contabilizado nas contas deste trimestre.

Os custos regulatórios em 2020 foram divididos entre 20 milhões de euros para o Fundo de Resolução Europeu; 35 milhões para o Fundo de Resolução nacional (o que inclui a contribuição extraordinária do sector bancário); 3,5 milhões de euros em taxas de supervisão e o pagamento das despesas do fundo único de resolução; e ainda 1,6 milhões para o Fundo de Garantia de Depósitos, explicou José de Brito, administrador financeiro.

“São dois terços dos nossos resultados”, vincou o CEO da CGD, Paulo Macedo.

O banco teve lucros 86,2 milhões de euros (-39,9 milhões face ao mesmo período do ano passado) e um ROE de 4,5%, que caiu 2,1 pontos percentuais.

Paulo Macedo disse ainda que, apesar do atual contexto de incerteza, mantém o cumprimento do plano estratégico este ano delineado com a DGComp. Mesmo ao nível da rentabilidade, cujo objetivo é de mais de 9%.

O banco reuniu-se a 6 de Março com a DGComp de Bruxelas e com as autoridades nacionais e a avaliação à execução do plano “foi claramente satisfatória”.

Sobre a venda do banco no Brasil, que faz parte dos compromissos assumidos com Bruxelas na capitalização da CGD em 2016, Paulo Macedo explicou que a concretização da alienação depende de como é que vai evoluir a procura no país por este activo num contexto de pandemia.

Mas Paulo Macedo diz que o contexto atual será tido em conta pela DGComp.

A CGD vendeu 185 imóveis no primeiro trimestre, 17,5 milhões em imóveis residenciais e 15 milhões em não residenciais, o que totaliza 33 milhões de euros. Paulo Macedo notou um arrefecimento no mercado imobiliário na segunda quinzena de março, assim como notou o mesmo arrefecimento no crédito à habitação.

O banqueiro admite que o malparado pode crescer mas adianta que há um elevado nível de incerteza. As provisões genéricas de 60 milhões que foram constituídas neste trimestre servem para acautelar futuras perdas nos trimestres seguintes. Mas as imparidades assentam em projeções macroeconómicas. “Vai ser decisivo o quarto trimestre”, disse o CEO.

Paulo Macedo salientou no entanto que a “estabilidade do rendimento das famílias aliadas a um menor consumo”, levou a um aumento dos depósitos. Os depósitos subiram também nas PME, microempresas e grandes empresas.

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