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Paulo Macedo não acredita na descida dos juros no primeiro trimestre de 2024

“A inflação está a convergir para 2%. De qualquer maneira partilho a tese de alguns economistas que defendem que dificilmente a inflação ficará em 2% ou abaixo disso porque temos os custos da transição energética e os custos da desglobalização”, referiu o CEO do banco.
11 Dezembro 2023, 16h19

O Presidente da Comissão Executiva da Caixa, Paulo Moita de Macedo, falava na abertura do Encontro Fora da Caixa, quando abordou a incerteza decorrente da subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu.

“Para 2024 o que se perspectiva é uma descida das taxas de juros que pode passar de 4% para 2,6%. No mês passado ainda se discutia se as taxas de juro podiam subir ou não”, disse o CEO da CGD sobre as taxas forward.

“O que se perspetiva agora é uma baixa de taxas de juro mais cedo”, disse o presidente da CGD que adiantou que esta é uma das grandes preocupação das famílias e empresas. “Mas eu eu não acredito pessoalmente que a descida dos juros ocorra no primeiro trimestre”, disse Paulo Macedo.

“A inflação está a convergir para 2%. De qualquer maneira partilho a tese de alguns economistas que defendem que dificilmente a inflação ficará em 2% ou abaixo disso porque temos os custos da transição energética e os custos da desglobalização”, referiu o CEO do banco.

Paulo Macedo realçou a recusa de as importações estarem dependentes de um único fornecedor como  até aqui. “Agora querem o nearshoring quando antes queriam o offshoring e isso levará a um aumento dos custos”, referiu.

Mas neste momento a economia “beneficia de uma queda enorme dos custos de transporte e de uma queda dos preços da energia, e depois temos factores de inflação locais, nomeadamente de salários e de margens de lucro”.

“Os riscos para 2024 incluem a rentabilidade, a taxa de juro e a inflação (de curto prazo), mas as grandes preocupações a dois/três anos são mais macro. Os riscos mais permanentes são as alterações climáticas e as questões da biodiversidade, e a incapacidades de os mitigar”, disse Paulo Macedo.

O banqueiro lembrou ainda a obrigação de os primeiros dados das empresas ESG terem de ser publicados a partir de 1 de janeiro de 2024.

As Grandes Empresas e as PME cotadas vão ser legalmente obrigadas a divulgar informações fidedignas sobre os impactos ambientais, sociais e de governance (ESG) das suas atividades, ao abrigo de uma nova diretiva comunitária. Nas Grandes Empresas de Interesse Público é já a partir de 1 de janeiro de 2024.

Os bancos já têm testes de stress climáticos, lembrou Paulo Macedo.

A banca terá ainda um papel importante em apoiar a transição energética das empresas suas clientes, defendeu o CEO.

O banqueiro, a propósito das perspectivas para 2024, falou das reformas estruturais necessárias. Nomeadamente, “acelerar a convergência do nível educativo”; “maximizar o aproveitamento dos nossos recursos naturais”; “apoiar as empresas e melhorar os seus índices de digitalização e uso da Inteligência Artificial”; “atrair mais investimento estrangeiro de conteúdo tecnológico”; “melhorar a qualidade da administração pública e do sistema judicial”; “manter a coesão social através de uma adequada redistribuição do rendimento”; a que acresce “níveis de serviço adequados” e “sustentabilidade”.

“Atrair mais investimento estrangeiro continua a ser indispensável , somos um país de falta de capital e até a baixa produtividade deve-se à falta de capital intensivo”, referiu o CEO da CGD.

Qualidade das instituições

Paulo Macedo levou para o encontro com empresas, um quadro sobre a “World Bank Quality of Governance Institutions by Percentile Rank (2021)”, da Columbia Business School.

“Instituições caem por falta de Governance”, defendeu Paulo Macedo.

Portugal surge no meio da tabela de 13 países (surge em 6º lugar) na pontuação média.

O ranking inclui pontuação para o controlo da corrupção; para a eficácia do governo; para a estabilidade política e ausência de violência/terrorismo; para a qualidade regulatória; para o Estado de Direito; e para a accountability.

Paulo Macedo destacou que Portugal estava em 7º no controlo da corrupção e em 11º na qualidade regulatória. “Onde estávamos acima da média era na eficácia do Governo e na estabilidade política, mas em dois meses conseguimos descer naquilo em que estávamos melhor”, ironizou o CEO da CGD.

O presidente executivo da CGD defendeu ainda a criação de uma área de compliance na esfera da administração pública, para garantir as melhores práticas. Mas também a constituição na Autoridade Tributária, e na Segurança Social, de áreas de Inteligência Artificial e de machine learning, Para além de defender a melhoria do processo de recrutamento, a cargo da Cresap, de candidatos para a Administração Pública, adoptando um modelo de Avaliação e Adequação (fit & proper) semelhante ao adoptado para as instituições financeiras.

Paulo Macedo defende que é preciso sensibilizar as empresas para a necessidade de disponibilizarem mais informação de carácter financeiro e em matéria de sustentabilidade (ESG), “podendo entidades públicas atuar como sponsors de um projeto de criação de um repositório de dados financeiros e ESG”.

Por fim Paulo Macedo defende a instituição de controlos tendo em vista a redução dos timings de decisão dos organismos públicos.

A Caixa Geral de Depósitos organizou, hoje, dia 11 de dezembro pelas 15 horas, no Auditório Emílio Rui Vilar (Culturgest) em Lisboa, mais um Encontro Fora da Caixa para perspectivar 2024, que tanto pode ser um ano de instabilidade e insegurança ou um ano de oportunidade e esperança, defende o banco

Seguidamente e para discutir o tema, houve uma mesa-redonda com o economista João Duque, com o historiador Rui Tavares e com a economista Sandra Maximiano.

Logo de seguida, uma conversa Fora da Caixa entre o CEO da Mota Engil, Carlos Mota Santos e Ana de Freitas, jornalista da SIC Notícias.

(atualizada)

 

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